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São Paulo, sábado, 12 de abril de 2003

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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Unir forças

Graças a Deus, vão se multiplicando os esforços para superar a fome. Há iniciativas governamentais promovidas pelo Fome Zero, mas existem inúmeras outras, já em curso, que surgiram nas comunidades cristãs, nas entidades religiosas e nas muitas organizações da sociedade. É realmente notável e promissor o empenho para erradicar a fome e a miséria. Estamos ainda no começo, é certo. No entanto percebe-se a preocupação de levar a sério essa prioridade nacional.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil vai se reunir em 29 de abril em Itaici para a sua assembléia geral. Nessa oportunidade, a comissão da CNBB encarregada de acompanhar o "Mutirão Nacional" iniciado em abril de 2002 apresentará o relatório sobre o desempenho das dioceses em todo o Brasil e as expectativas para a continuação do trabalho.
O governo criou o Ministério Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome (Mesa). Em apenas dois meses de atividades, o ministro José Graziano vem lançando dezenas de iniciativas integradas: projeto do cartão alimentação, cursos de alfabetização, incentivo à agricultura familiar no semi-árido, aumento de recursos para a merenda escolar, cestas básicas para os acampados do MST. Promoveu a mobilização de empresários e a abertura de contas bancárias para doações em dinheiro na Caixa Econômica Federal e no Banco do Brasil. Estão sendo divulgadas políticas locais para a implantação nos municípios. Vão surgindo protocolos de cooperação com o IBGE, o Sesc, o Ipea. O Mesa dispõe do Fundo de Combate à Pobreza, cujo conselho consultivo é integrado por representantes de quatro ministérios e de seis dos principais conselhos nacionais.
Para articular as atividades do governo e da sociedade civil, foi instalado, em 1º de janeiro, o Consea -Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional-, que tem 62 membros. Serve de exemplo a atuação do Consea em Minas Gerais, sob a direção de dom Mauro Morelli. A Ação da Cidadania contra a Fome e a Miséria e pela Vida, fundada pelo sempre lembrado Herbert de Souza, o Betinho, completa dez anos de realizações. Entre seus objetivos, propõe-se a incentivar as ações conjuntas entre as várias entidades e, em especial, os Encontros do Brasil com a Cidadania nas capitais dos Estados, começando em 29 de abril, em Goiânia.
A essas múltiplas iniciativas unem-se outras em várias regiões do país. Permanece uma questão prioritária. É a mudança de mentalidade que permitirá evoluir de um sistema de acumulação doentia de bens para uma sociedade distributiva e solidária. Isso requer uma atitude fraterna de verdadeira conversão de quem descobre, à luz de Deus, o valor de cada pessoa humana e o dever de cooperar para a sua promoção.
A avaliação dos frutos obtidos até agora aconselha que se insista na atenção às áreas do semi-árido brasileiro e da Amazônia e no estímulo às iniciativas em âmbito municipal com a formação dos conselhos. Para um resultado efetivo, será necessário atuar não só na garantia do alimento mas num programa mais abrangente, que inclua políticas públicas para alfabetização, saúde e acesso ao trabalho. O importante é unir forças, aprimorar as técnicas e manter viva a coragem e a esperança.
Nesta Semana Santa, voltemos o coração para Deus e aprendamos a vencer o egoísmo e a amar o próximo como Jesus Cristo nos ensinou.


Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.


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