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INVESTIMENTO BÁSICO
A deterioração da infra-estrutura no Brasil não foi contida
pelas privatizações da década de 90.
As melhorias ocorridas mostraram-se parciais e insuficientes tanto para
sanar problemas antigos como para
suprir novas demandas. As carências
vão do saneamento básico aos gargalos que limitam o crescimento econômico, como estradas e energia elétrica. Para saná-las, é preciso mobilizar
recursos governamentais e privados.
"A idéia de promover o investimento,
incluindo o investimento público, é
compartilhada por todos", declarou
um porta-voz do Fundo Monetário
Internacional, que acaba de realizar
um seminário a respeito do tema.
Datam do governo Fernando Henrique Cardoso as primeiras gestões
para tentar retirar do cálculo da meta
de superávit fiscal as despesas de empresas públicas com infra-estrutura.
A idéia é que os recursos aplicados
nessa área geram retorno econômico, ainda que de longo prazo. Não faria sentido, então, computá-los como
gastos, mas como investimentos.
Até aqui, o argumento não sensibilizou o FMI, apesar da concordância
em discutir o problema, que também
aflige outros países. Para os técnicos
da instituição, não se trataria de uma
simples questão de redefinir gastos
como investimentos, pois "investimentos muitas vezes criam dívidas
que precisam ser financiadas". O
Fundo considera que essa situação
poderia colocar em risco a "sustentabilidade do endividamento público"
dessas economias.
Uma das saídas aventadas seriam as
Parcerias Público-Privadas (PPPs).
Por esse mecanismo, o Estado daria
garantias de retorno à iniciativa privada em empreendimentos de longo
prazo. Todavia, experiências internacionais desse tipo ainda são limitadas
e há dúvidas se as PPPs seriam capazes de levantar somas mais vultosas.
A questão deverá estar na pauta da
próxima reunião do FMI, dias 24 e 25.
Entende-se a complexidade do caso,
mas um desenlace favorável é crucial
para o Brasil. Não é razoável o país
continuar manietado em áreas tão estratégicas por uma lógica econômica
que parece só ter olhos para os compromissos da dívida e que coloca em
primeiro plano os interesses dos
mercados financeiros.
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