São Paulo, segunda-feira, 12 de abril de 2004 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Entre o falar e o fazer LUÍS CARLOS FERNANDES AFONSO
O atual governo da cidade de São
Paulo tem investido muito tempo
e recursos a fim de garantir a transparência administrativa e criar condições
para um efetivo controle social do dinheiro público. As ações do governo
Marta Suplicy avançam muito além do
que exige a legislação, criando mecanismos de acompanhamento da execução
orçamentária inéditos na história do
município.
A cidade de São Paulo tem uma execução orçamentária que deve ultrapassar os R$ 13 bilhões neste ano. São 22 secretarias, oito autarquias, seis empresas municipais, dez fundos, 31 subprefeituras (que têm, cada uma, orçamentos equivalentes aos de cidades entre 150 mil e 400 mil habitantes), Câmara de Vereadores e Tribunal de Contas. Isso tudo se traduz em cerca de 9.000 diferentes dotações orçamentárias, que vão sendo processadas em milhões de ações ao longo do ano. Todos sabem do abandono da cidade nas últimas administrações. Poucos sabem do caos encontrado nas contas do município. Para garantir o controle e a racionalidade das contas municipais, o atual governo teve que contratar um sistema de informática, extremamente complexo, cujo desenvolvimento e instalação levaram mais de dois anos. O novo sistema, já em operação, ainda está sendo ajustado e, por isso, apresentar as operações financeiras da cidade em dez dias e com todo o detalhamento proposto, como estipulava o projeto de lei apresentado à Câmara e vetado pela prefeita, ainda não é possível, mas em breve será. Para isso, o governo empenha seus esforços. Mesmo assim, vale ressaltar que, como justificado no veto, nosso "processo orçamentário, da elaboração à execução, é totalmente transparente, com audiências públicas, reuniões técnicas, orçamento participativo, possibilidade de fiscalização "in loco" tanto nas diversas unidades orçamentárias do Executivo municipal, quanto nas do Legislativo. Enfim, qualquer cidadão tem ou poderá ter acesso aos dados previstos no projeto aprovado no momento em que julgar oportuno ou conveniente". O uso político das dificuldades gerenciais que herdamos na administração da cidade, julgando o veto da prefeita Marta Suplicy a esse projeto como suposta negação a "dar transparência aos gastos públicos" e recusa de um "valioso e eficaz instrumento contra a corrupção", é injusto e desleal. Os entraves contábeis e tecnológicos próprios de uma execução orçamentária são largamente conhecidos e não se limitam à nossa cidade. O Estado do Amapá, por exemplo, com um Orçamento que é um décimo do da cidade de São Paulo -e onde se tenta publicizar em via eletrônica a execução orçamentária desde o começo do século-, ostentava na manhã de 29 de março último, na internet, apenas o balanço geral do ano 2000 e o relatório fiscal mais recente apresentado era o do quinto bimestre do ano passado. Existe uma enorme distância entre a vontade de um governante e as condições para torná-la realidade. O governo Marta Suplicy enfrentou e enfrenta grandes dificuldades, inerentes à administração de uma metrópole como São Paulo. Mas isso não impediu os processos radicais de recuperação da cidade, de justiça fiscal e inversão de prioridades que implementamos. Nem afeta nosso compromisso com a defesa da transparência, da moralidade e da participação popular, que estiveram presentes desde o primeiro dia desta gestão e sempre continuarão. Luís Carlos Fernandes Afonso é o secretário Municipal de Finanças e Desenvolvimento Econômico do Município de São Paulo. Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Maria José O'Neill e Cosmo Palásio de Moraes Jr.: Tempo de prevenção às LER/Dort Índice |
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