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CLÓVIS ROSSI
Vassoura e detergente neles
SÃO PAULO - O que resta a dizer
depois de mais um ataque de políticos ao tesouro público, no caso praticado pelos vereadores paulistanos? Mesmo que houvesse algo de
novo a dizer a respeito, suspeito
que seria totalmente inútil.
Repito: o mundo político dissociou-se completamente da sociedade. Gira em órbita própria, cuidando de seus próprios interesses -políticos, eleitorais, econômicos, financeiros. Nada a ver com o interesse público.
Vale, de resto, para todos os níveis: deputados estaduais e federais, vereadores, senadores e também para os políticos que ocupam
funções no Executivo, com raríssimas exceções.
Por isso, o que resta a dizer é para
o leitor, não para os políticos.
Recebo uma boa quantidade de
correspondência cujo eixo central é
mais ou menos o seguinte: "Não
agüento mais a bandalheira, seja,
por favor, a nossa voz". Com perdão
da rude franqueza, não adianta nada esse tipo de apelo.
Podemos, eu e um mundão de outros jornalistas, gritar à vontade
que o efeito é mínimo. A maioria
dos parlamentares se elege em currais eleitorais absolutamente impenetráveis ao clamor da mídia ou
mesmo do público. Não me refiro
apenas aos tradicionais currais dos
grotões do Brasil, mas ao tipo de
clientela política que só vota em alguém por interesse pessoal, familiar ou grupal.
Portanto, a grita da mídia ou de
entidades como a Voto Consciente
só pega o pequeno grupo que depende do voto informado. Num país
em que 51% nem sabem o nome do
papa, imagine se a maioria vai querer saber se fulano ou beltrano é ou
não corrupto?
Se há alguma solução, o que é discutível, só pode ser uma: um número ponderável de eleitores fazer como fez outro dia a torcida corintiana. Invadir o estádio, com vassoura
e detergente, para exorcizar a sujeira. Mexa-se, meu caro.
crossi@uol.com.br
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