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ELIANE CANTANHÊDE
Só escapa a Marinha
BRASÍLIA - A Aeronáutica já estava no olho do furacão com a revolta
dos sargentos controladores de vôo
e os fortes ventos do Planalto sobre
a hierarquia. Agora é a vez do Exército entrar num terremoto, com o
governador Sérgio Cabral pedindo
tropas para o policiamento do Rio.
Só falta a Marinha mergulhar num
maremoto.
Desde a redemocratização, lá se
vão mais de 20 anos, poucas vezes
as Forças Armadas ficaram tanto
tempo no ar nas manchetes e poucas vezes, ou talvez nenhuma, o
presidente foi obrigado a convocar
os três comandantes militares em
questão de dias, como agora.
Apesar das declarações contidas
e respeitosas à autoridade civil, como só pode acontecer, o fato é que o
tom e o jeito de oficiais se referirem
ao governo Lula está mudando. É
até possível dizer que já mudou.
Oficiais da Aeronáutica insistem
em dizer que o episódio da negociação de Lula com os controladores já
está superado, mas há seqüelas.
Oficiais do Exército também insistem em dizer que qualquer coisa
que Lula e Sérgio Cabral acertarem
dentro do previsto na Constituição
será acatado para o Rio, mas há desconforto.
E o pior é que a crise na Aeronáutica está longe de encerrada, e o envolvimento do Exército no combate
à violência no Rio está apenas começando. Muitas emoções e muitas
manchetes ainda virão pela frente.
Por enquanto, os controladores
estão cumprindo horário e estão
com suas tarefas em dia, mas a
guerra entre eles e a FAB continua
séria. Bastou o comandante Saito
afiançar no Congresso que o sistema de controle aéreo é um dos melhores do mundo para que uma
chuva de "denúncias" e registros de
incidentes começasse a cair sobre
as redações. A guerra sai dos aeroportos para as páginas. E a guerra
do Rio pode chegar aos quartéis e
esquentar as ruas.
Mas, se o comandante-em-chefe
está "tranquilis", então reina a paz.
elianec@uol.com.br
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