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Demagogia previdenciária
É CONHECIDA a capacidade de
mobilização do meio político em torno de propostas
com potencial de retorno sob a
forma de votos, ainda mais em
ano de eleições.
É o que se observa no reajuste
aos aposentados da Previdência
Social que ganham acima de um
salário mínimo. Em acordo recente os líderes dos partidos no
Senado definiram um aumento
de 7,71% para esses benefícios
em 2010, o que, estima-se, terá
um impacto adicional de R$ 1,8
bilhão nas despesas do INSS.
É certo que a política previdenciária dos últimos anos tem sido
menos generosa com esse grupo
de aposentados, cujos vencimentos não têm se beneficiado das
elevações do salário mínimo acima da inflação.
Para atenuar a distância com
relação aos que recebem o piso
do INSS, o governo propôs um
reajuste de 6,14% para esses benefícios em 2010. Na Câmara,
diante de emendas que sugeriam
aumentos ainda maiores, governo e deputados acabaram chegando ao percentual de 7%, o
equivalente à reposição da inflação de 2009, acrescida de dois
terços da variação do PIB de
2008. Só esse aumento já teria
um impacto negativo nas contas
da Previdência de R$ 1,1 bilhão.
O Senado, todavia, também parece ter vislumbrado a chance de
lucrar politicamente, propondo
um "arredondamento" -inflação de 2009 mais 80% da variação do PIB de 2008- que deve
custar mais R$ 700 milhões.
É sabido que o sistema previdenciário do país funciona sobre
bases precárias, já que parcela
considerável dos benefícios não
é coberta por contribuições prévias. Em 2010, o deficit deve se
aproximar dos R$ 50 bilhões.
Nesse cenário, o mínimo que
se exige dos parlamentares é a
indicação precisa das fontes de
recursos para financiar decisões
que estão longe de denotar real
preocupação com o futuro dos
aposentados.
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