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CLÓVIS ROSSI
Os cacos de "nuestra América"
VIENA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva contabiliza 17 visitas a
países sul-americanos. Contabiliza
também pelo menos duas visitas de
cada colega seu da sub-região ao
Brasil, para não falar das muitas reuniões de cúpula de que participa com
eles todos, em diferentes formatos.
Tudo para ver a América do Sul em
cacos (expressão que não é de Lula,
mas minha; ele prefere dizer "o clima
não é bom").
As contas do Palácio do Planalto
mostram os seguintes conflitos:
1 - Argentina e Uruguai, em torno
da construção de duas fábricas de celulose na fronteira. Néstor Kirchner,
o presidente argentino, já fez saber ao
brasileiro que não quer nem ver Tabaré Vázquez, seu colega uruguaio.
O confronto parece muito centrado
nos dois mandatários, mas consta
que o chanceler uruguaio, Reinaldo
Gargano, será defenestrado, o que
pode eventualmente ajudar.
2 - Na CAN (Comunidade Andina
de Nações), o venezuelano Hugo
Chávez provocou uma implosão, ao
sair unilateralmente, denunciando
os acordos comerciais que Colômbia
e Peru negociam com os EUA.
Como se fosse pouco, o Planalto trabalha com a certeza de que o eleito
no Peru, no segundo turno, será Alan
García, que trocou com Hugo Chávez
ofensas ainda mais pesadas do que as
que Evo Morales fez à Petrobras.
A CAN é essencial para o projeto da
Comunidade Sul-Americana de Nações, menina dos olhos de Lula (e de
sucessivos presidentes brasileiros). O
projeto original previa juntar o Mercosul à CAN e pronto.
3 - O conflito do gás entre Brasil e
Bolívia, mas que envolve também a
Argentina (via a Repsol, espanhola/
argentina).
O irônico nessa história toda é que
os conflitos se dão só entre presidentes da chamada "onda de esquerda"
na América Latina (onda mal chamada, aliás).
Tudo somado, é natural que Lula
esteja com "a paciência até as meias"
(paciência não é bem a palavra usada, mas neste espaço não fica bem escrever a correta).
@ - crossi@uol.com.br
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