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DILEMA E CRISE NO PT
A intervenção do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores,
anulando a decisão local pela candidatura de Vladimir Palmeira ao governo do Estado, explicita ainda mais
e aprofunda uma crise que já vem de
longe. O PT é um partido dividido.
Vacila entre a opção de tornar-se
uma legenda viável eleitoralmente,
apta a participar da política institucional em todos os âmbitos, e a estratégia de suas tendências internas,
avessas às alianças e à idéia de que
concessões pragmáticas são necessárias a quem pretende se apresentar
ao país como alternativa política.
A candidatura de Luiz Inácio Lula da
Silva tem sido prejudicada pela disputa autofágica que se instalou no
partido. Mesmo que prevaleça a decisão nacional e que o PT venha de fato
a apoiar oficialmente a candidatura
pedetista de Anthony Garotinho no
Rio como parte do acordo nacional
entre Lula e Brizola, dificilmente o
partido conseguirá dirimir o desgaste político das últimas semanas.
As dúvidas que cercam a candidatura Lula, no entanto, se exprimem o
dilema petista, não bastam para explicá-lo por inteiro. O PT assistiu ao
longo da década à crise de seus principais esteios. Energias utópicas,
bandeiras políticas e bases sociais
tradicionais da esquerda foram sendo varridas do mapa pelo avanço prático e ideológico das políticas liberais. No caso específico do PT, o partido distanciou-se de movimentos
organizados e viu alguns destes perderem sua força. Não conseguiu, porém, se firmar como uma organização partidária mais tradicional ou
orientada com mais ênfase para o jogo da política institucional.
Apesar de seus inegáveis êxitos eleitorais, do fato de ter conquistado nas
urnas prefeituras e governos importantes, o PT não soube administrar
os choques entre os anseios radicais
de parte de suas bases militantes e as
novas responsabilidades dos líderes
populares que foi formando. O PT
chega agora à sua terceira disputa
presidencial sem saber ao certo o que
quer ou a quem representa.
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