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CRÉDITO MAIS BARATO
Segundo declaração do senador
Aloizio Mercadante (PT-SP), o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva
entende que não é preciso esperar a
queda da taxa de juros básica (a taxa
Selic) para diminuir o custo do crédito. À medida que as perspectivas de
um corte acentuado nos juros distanciam-se no horizonte, empresas e
consumidores exasperam-se com os
valores efetivamente praticados no
mercado. Com isso, a polêmica sobre os "spreads" ocupa espaço crescente na agenda do país. O "spread"
é a diferença entre o custo de captação dos bancos (a taxa de remuneração que oferecem aos investidores,
que é bastante condicionada pela taxa Selic) e o custo do crédito para as
empresas e os consumidores.
Como se sabe, os bancos defendem-se acenando com os riscos da
inadimplência e das falências, além
dos tributos e do elevado nível do depósito compulsório. O contraste, porém, entre os lucros do setor bancário e o de outras empresas privadas
evidencia as assimetrias existentes e
ajuda a formar a convicção de que há
margem para uma redução das taxas
cobradas. Ainda assim, permanece o
problema fundamental: há poucos
recursos para o crédito, restrição que
se acentua quando os bancos têm a
possibilidade de ganhar muito investindo em títulos públicos indexados
à taxa Selic.
Na impossibilidade de apressar soluções estruturais para essa situação,
o governo discute o papel que as instituições públicas e o chamado "microcrédito" poderiam desempenhar
na economia. Obviamente, não há
soluções fáceis e sem custos. A
apreensão provocada pela possível
redução das taxas praticadas pelos
bancos oficiais afetou, por exemplo,
as ações do Banco do Brasil.
Na própria Caixa Econômica Federal, que não tem o mesmo perfil societário do Banco do Brasil, há resistências à proposta, pois a instituição
já oferece linhas a juros mais baixos.
Não é simples convencer gestores financeiros, mesmo de instituições
públicas, a renunciar à rentabilidade.
Ainda assim, está certo o presidente em insistir na criação de alternativas de crédito. Podem não resolver o
problema como um todo, mas possivelmente têm potencial para tentar
dinamizar a microeconomia, contribuindo para a oxigenação de pequenos e médios empreendimentos.
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