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São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2003

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CRÉDITO MAIS BARATO

Segundo declaração do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entende que não é preciso esperar a queda da taxa de juros básica (a taxa Selic) para diminuir o custo do crédito. À medida que as perspectivas de um corte acentuado nos juros distanciam-se no horizonte, empresas e consumidores exasperam-se com os valores efetivamente praticados no mercado. Com isso, a polêmica sobre os "spreads" ocupa espaço crescente na agenda do país. O "spread" é a diferença entre o custo de captação dos bancos (a taxa de remuneração que oferecem aos investidores, que é bastante condicionada pela taxa Selic) e o custo do crédito para as empresas e os consumidores.
Como se sabe, os bancos defendem-se acenando com os riscos da inadimplência e das falências, além dos tributos e do elevado nível do depósito compulsório. O contraste, porém, entre os lucros do setor bancário e o de outras empresas privadas evidencia as assimetrias existentes e ajuda a formar a convicção de que há margem para uma redução das taxas cobradas. Ainda assim, permanece o problema fundamental: há poucos recursos para o crédito, restrição que se acentua quando os bancos têm a possibilidade de ganhar muito investindo em títulos públicos indexados à taxa Selic.
Na impossibilidade de apressar soluções estruturais para essa situação, o governo discute o papel que as instituições públicas e o chamado "microcrédito" poderiam desempenhar na economia. Obviamente, não há soluções fáceis e sem custos. A apreensão provocada pela possível redução das taxas praticadas pelos bancos oficiais afetou, por exemplo, as ações do Banco do Brasil.
Na própria Caixa Econômica Federal, que não tem o mesmo perfil societário do Banco do Brasil, há resistências à proposta, pois a instituição já oferece linhas a juros mais baixos. Não é simples convencer gestores financeiros, mesmo de instituições públicas, a renunciar à rentabilidade.
Ainda assim, está certo o presidente em insistir na criação de alternativas de crédito. Podem não resolver o problema como um todo, mas possivelmente têm potencial para tentar dinamizar a microeconomia, contribuindo para a oxigenação de pequenos e médios empreendimentos.


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