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ELIANE CANTANHÊDE
A velha Varig e a nova CPMF
BRASÍLIA - Dossiê ou banco de
dados? Pressão ou ingerência? Ordem ou orientação? Depende. Dilma Rousseff disse que a Casa Civil
fez só um "banco de dados" sobre o
governo FHC e, agora, nega qualquer pressão na venda relâmpago
da VarigLog para os "laranjas" de
um fundo norte-americano.
Na Anac, a ação da Casa Civil e de
Dilma nessa operação foi interpretada de maneiras distintas. O presidente da agência, Milton Zuanazzi,
entendeu o recado -fosse pressão,
ordem ou ingerência - e mandou
ficha. Já Denise Abreu, Leur Lomanto e Jorge Veloso também entenderam, e por isso resistiram.
Pelo depoimento de Denise
Abreu no Senado ontem, Zuanazzi
foi o operador da operação (perdão
pelo pleonasmo): articulou os pareceres da Anac, passou por cima de
prazos e ofícios e, no final, convocou a reunião na Defesa para permitir o negócio com urgência.
Advogada e ex-procuradora, Denise diz que apresentou ofício exigindo que os compradores explicassem o aporte do capital estrangeiro
e se tinham bala na agulha para
uma compra tão vultosa. Os demais
diretores concordaram, mas o ofício foi engavetado.
Mais adiante, as grandes questões eram se a "nova Varig" estaria
livre dos débitos trabalhistas e tributários da velha, se o certificado de
habilitação migraria automaticamente de uma para outra e se rotas
e slots (espaços nos aeroportos) ficariam congelados até a conclusão
do negócio. Para Denise, não, não e
não. Deu sim, sim, sim.
Os alvos preferenciais da ex-diretora da Anac foram o advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula e
Marisa, e sua filha Valeska, que estavam em todas as empresas e em
todos os gabinetes, todas as horas.
Mas, ontem, a principal notícia
acabou saindo da Câmara, que
aprovou a "nova CPMF". O governo
se enrolou para ressuscitar a Varig e
se enrola para ressuscitar a CPMF.
E daí? Daí que tudo vai parar na
Justiça, e o tudo vira nada.
elianec@uol.com.br
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