São Paulo, Sábado, 12 de Junho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A MÁFIA E O SALDO DA CPI

Os promotores e a polícia estão agora definitivamente encarregados de investigar o conluio entre a vereança governista, a prefeitura e as máfias que lesavam o erário municipal, os cidadãos e o bem-estar da cidade de São Paulo. Não houve como sustar a ofensiva conjunta do governo municipal e de sua bancada contra aquilo que começou como a CPI da máfia dos fiscais, mas acabou por revelar que a propina era apenas ação por assim dizer de amadores perto do grau de corrupção detectado em quase toda a administração.
O situacionismo, desarticulado num certo momento, quando a saída de Celso Pitta do PPB e a ameaça de impeachment levaram vereadores sempre oportunistas a buscar guarida política em outra parte, acabou se recompondo por meio de conchavo e com as intenções escusas de hábito.
Não se pode esperar nada de uma maioria na Câmara Municipal que, desde o dia em que foi constituída, só fez chantagear um prefeito que sempre se mostrou receptivo, quando não estimulou esse tipo de comportamento. Uma maioria que nunca se mostrou envolvida com o interesse público, nem à altura dos desafios de uma cidade que demanda, além de um mínimo de decência, discussão qualificada para encontrar soluções viáveis a problemas que se agravam.
Pitta e essa vereança, de quem, é bom repetir, pouco se pode esperar, têm no entanto ainda 18 meses de mandato. Enquanto não é possível puni-los nas urnas e se aguarda o resultado das investigações, será preciso encontrar formas de pressão e vigilância públicas para evitar que a rapinagem se mantenha na cidade. Pode ser essa mobilização, ainda que difusa e nem sempre perceptível, o saldo positivo de uma CPI que em termos concretos ficou muito aquém do que muitos esperavam.


Texto Anterior: Editorial: JOGADOR SEM CACIFE
Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Cog quem?
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.