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Campanha do agasalho
LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
O ano de 1999 é especialmente dedicado a Deus Pai, na sequência da preparação ao Grande Jubileu que nos introduz no novo milênio. É também
"ano da caridade". Filhos do mesmo
Pai misericordioso, precisamos intensificar os laços de fraternidade vencendo barreiras, distâncias e ressentimentos. Daí a importância da reconciliação, sem a qual o mundo continuará marcado por conflitos e vinganças.
A notícia alvissareira da paz em Kosovo requer o aprendizado do perdão
e a capacidade de reconstruir a concórdia entre raças e povos que se hostilizavam e destruíam.
A atitude de estima e respeito pelo
próximo não se improvisa. Supõe longa educação para a convivência numa
sociedade pluralista, esforço para corrigir as próprias faltas, tolerar as limitações do próximo e fazer gestos concretos de solidariedade. Hoje é ainda
maior a necessidade desses gestos. O
ambiente em que vivemos está impregnado de egoísmo. Somos capazes
de gastar dinheiro com coisas supérfluas e esquecer que muita gente passa
fome e frio. Cada um pensa apenas em
si mesmo.
Enquanto procuramos encontrar
soluções mais abrangentes para o drama do desemprego e da miséria, vamos nos empenhar em socorrer as
pessoas carentes nestes meses de inverno rigoroso em várias regiões do
Brasil.
Com o lema bíblico "Eu estava com
frio e você me socorreu" (MT 25,36),
acaba de ser lançada na capital paulista a Campanha do Agasalho, respondendo ao apelo do arcebispo dom
Cláudio Hummes. Essa iniciativa tem
por finalidade ir ao encontro das pessoas necessitadas, oferecendo-lhes
não só a defesa contra o frio, mas o
testemunho da caridade fraterna. A
campanha inclui, também, a intenção
de articular melhor a colaboração das
comunidades nas emergências, valorizando o voluntariado e as pastorais
sociais. Haverá mensagens em jornais,
rádios e na TV. A convocação se estende a paróquias, colégios, movimentos e grupos de boa vontade.
A campanha está a cargo da "Caritas Arquidiocesana de São Paulo",
em cuja sede (rua Venceslau Brás, 78;
tel. 011/3104-4055) poderão ser encontrados cartazes de divulgação e informações. Os agasalhos que não forem
distribuídos às pessoas carentes nas
próprias comunidades serão enviados
às paróquias mais necessitadas e aos
abrigos do povo da rua.
Há poucos meses, o Arsenal da Esperança, que acolhe, na cidade de São
Paulo, no Brás (rua Almeida Lima,
900), cerca de mil homens durante a
noite, recebeu da Itália toneladas de
agasalhos e roupas, fruto da arrecadação de milhares de jovens do Servizio
Missionario Giovani (Sermig), de Turim, fundado por Ernesto Olivero.
Doação semelhante os mesmos jovens
enviaram para as áreas de inverno rígido em Ouro Preto, Mariana, Barbacena e arredores.
Esses gestos de solidariedade ajudam não só a quem recebe, mas a
quem dá.
Fazem-nos sair do pequeno mundo
em que vivemos, abrir o coração para
o sofrimento alheio e experimentar a
alegria de ajudar o próximo.
Pergunto, com simplicidade: será
que os agasalhos e as cobertas que
muitos de nós temos não ficariam melhor acalentando irmãos carentes do
que dobrados e guardados com naftalina em armários de nossas casas? Vale para nós a palavra de Jesus: "Eu
estava com frio e você me socorreu".
D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados
nesta coluna.
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