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COLCHA DE RETALHOS
Ao mesmo tempo em que emite
sinais de vigor, com a atração
de novos associados e a condução de
negociações relevantes, como as que
estão em curso com a União Européia, o Mercosul passa por uma série
de turbulências. Certamente que a
adesão da Venezuela e a aproximação do México contribuem para aumentar o peso do bloco, abrindo novas perspectivas comerciais. No caso
mexicano, trata-se do maior PIB da
América Latina e de uma economia
cujo perfil sugere um rico potencial
para o incremento do comércio na
região, notadamente com o Brasil.
Esses avanços, no entanto, não
ofuscam a evidência de que o Mercosul continua sendo marcado por precariedades e contradições, que se
têm manifestado com maior nitidez
nas relações entre os dois principais
parceiros, o Brasil e a Argentina.
As seguidas salvaguardas impostas
pelo país vizinho para proteger seus
interesses chegaram ao paroxismo
com as restrições às importações de
eletrodomésticos do Brasil. A medida, a exemplo de outras anteriores,
foi anunciada unilateralmente e serviu para acirrar os ânimos do empresariado brasileiro. De fato, as constantes concessões aos pleitos argentinos já não contam mais com a
compreensão do setor produtivo nacional. Por mais que se apresentem
argumentos, o que se tem verificado
é uma rotina de quebra de regras em
prejuízo das empresas brasileiras.
O caso dos eletrodomésticos foi
uma espécie de "gota d'água", um sinal enfático de que a institucionalização do bloco tem de avançar. É preciso que os processos decisórios sejam
mais previsíveis, com a consolidação
de normas claras e instâncias encarregadas de dirimir os conflitos.
Mais do que isso, urge um esforço
com vistas a coordenar minimamente as políticas cambiais, monetárias e
fiscais dos países-membros, além de
estabelecer estratégias industriais e
comerciais comuns. Caso contrário,
o Mercosul estará condenado a ser
uma colcha de retalhos, e não um
verdadeiro bloco econômico.
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