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IBIRAPUERA POLUÍDO
São Paulo é uma cidade carente de opções públicas de lazer. A
mais tradicional e conhecida área recreativa da capital é o parque Ibirapuera, que abriga um importante
conjunto arquitetônico concebido
por Oscar Niemeyer e atrai pessoas
das mais diversas procedências. Infelizmente, também ali a marca da
degradação está presente. Os lagos
do principal parque paulistano, da
mesma forma que os rios da cidade,
tornaram-se receptáculo de detritos.
Depois de vistoriar metade dos
7.000 imóveis que pretende inspecionar até o fim do ano para detectar a
origem da poluição dos lagos, a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente do município (SVMA) descobriu o
que já se imaginava: pelo menos 144
conexões de imóveis da região são irregulares. Em vez de despejar o esgoto na rede da Sabesp (Companhia de
Saneamento Básico do Estado de São
Paulo), o fazem em galerias de águas
pluviais, que desembocam no córrego do Sapateiro, formador dos lagos.
A situação é especialmente deplorável por se tratar de região que possui infra-estrutura e é ocupada predominantemente por imóveis de
classe média e média-alta. Embora a
Sabesp instale a tubulação para recolhimento do esgoto, nem sempre as
conexões são realizadas. Segundo a
prefeitura, alguns dos clandestinos
são grandes geradores de esgoto, como edifícios residenciais ou comerciais. As ligações irregulares prosperam à sombra da inação do setor público, que deveria fiscalizar e punir os
infratores -quadro que precisa ser
urgentemente revertido.
O projeto de despoluição das águas
do parque é o principal investimento
da SVMA neste ano. Estão previstos
gastos de R$ 1,5 milhão na limpeza,
que envolve a remoção do lodo do
fundo dos lagos. O mínimo a esperar
é que a prefeitura e o governo do Estado, responsável pela Sabesp, superem suas rixas políticas e coloquem o
bem-estar do paulistano em primeiro plano, trabalhando no que for necessário para restituir à cidade uma
área de lazer limpa e saudável.
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