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KENNETH MAXWELL
Vacas voadoras
E M UM DOS MAIS queridos
versos infantis ingleses, "a vaca pula por sobre a Lua".
Recentemente, as vacas brasileiras também estão pulando, pelo
menos em termos de "valor adicionado". E, em Wall Street, um verdadeiro estouro da boiada beneficia os papéis brasileiros.
Mas a corrupção e os contos de
fadas contadas em benefício próprio não se limitam ao Brasil.
Como explicar, de outra forma, o
"banheirogate" argentino, caso que
envolveu a localização de US$ 241
mil em dólares, euros e pesos no
banheiro da ministra da Economia? Ou o México, onde US$ 150
milhões em dólares e outras moedas foram encontrados em valises
na mansão de um empresário mexicano de ascendência chinesa? Ou
o Brasil, onde os políticos persistem em conduzir negociatas pelo
telefone a despeito do fato de que
quase todos os escândalos de corrupção dos últimos anos terminaram revelados devido ao vazamento de conversações ou vídeos gravados de maneira clandestina?
Alguém se incomoda? Até o momento, aparentemente não. O presidente Lula continua bem posicionado nas pesquisas, com aprovação de 66%, de acordo com o mais
recente levantamento. E, em Nova
York, a Câmara de Comércio Brasil-EUA organizou evento com "especialistas das mais quentes empresas de Wall Street" para elogiar
"o touro brasileiro". Eles alegaram
que a economia do Brasil está se
preparando para uma decolagem
"capaz de se equiparar às da China
e da Índia".
Mas cautela é muito necessária,
quanto a isso. Não foram essas
mesmas "empresas quentes" que
inventaram o "lulômetro" para
acompanhar o risco que Lula impunha aos mercados financeiros,
nos meses anteriores à sua posse?
E líderes políticos não descobrem
sempre que índices de popularidade podem cair mais rápido do que
subiram, e geralmente o fazem?
Aliás, não são só escândalos brasileiros terminam em pizza. Vejam
as revelações do londrino "Guardian" sobre o depósito de quase 1
bilhão nas contas do príncipe Bandar, ex-embaixador saudita nos
EUA, no Rigg's Bank, de Washington. O dinheiro supostamente seria "produto" de aquisições de armas no valor de 43 bilhões da
BAE, maior fabricante de armas
britânicas, pelas Forças Armadas
sauditas. O caso estava sendo investigado pelo Serious Fraud Office britânico, até que o governo
Tony Blair suspendesse o inquérito alegando que continuá-lo "prejudicaria a segurança nacional".
Afinal, não é fácil guardar bilhões de dólares em uma meia. Ao
menos os políticos brasileiros até
agora não justificaram seus delitos
alegando que estavam protegendo
o interesse nacional.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.
Tradução de Paulo Migliacci
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