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CLÓVIS ROSSI
No topo do mundo, mas solitários
ROMA - Palmas para o Brasil, que
acaba de ser lançado ao topo do
mundo, o tal de G14 (por enquanto
14, mas sabe-se lá em que número
vai parar).
Mas palmas também para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
que insistiu, insistiu, insistiu, correu o risco de virar um chato perante seus pares, mas ganhou a vaga pela qual lutou.
Muito bem. Chega de palmas e
vamos às vaias.
Por muito que tenha evoluído e
que umas quantas empresas tenham se internacionalizado, o Brasil continua sendo um país caipira,
como o descreveu uma vez seu então presidente, Fernando Henrique
Cardoso. Queria dizer que, como
todo país continental, estava voltado mais para dentro que para fora.
Ainda está. Cubro assuntos internacionais há 36 anos. G8, desde que
era G7. Nunca, nunca, nunca precisei consultar parlamentares para
me informar ou obter opiniões sobre qualquer evento internacional
que me tocasse acompanhar.
Juro que não é preconceito. É falta de interlocutores.
Na academia, há uma dúzia de
pessoas, pouco mais ou menos, com
as quais se pode trocar ideias sobre
temas internacionais sem sair perdendo na troca.
No empresariado, basta acompanhar os fóruns de Davos para ver a
insignificante participação brasileira. Também aí há três ou quatro solitários que participam e são ouvidos. Só.
Nunca escondi que tenho profundo respeito pelo Itamaraty, mas
não é nem lógico, nem sábio, nem
democrático deixar que a política
externa seja território de caça reservado aos diplomatas e/ou a um
presidente que se interessa (desde
sindicalista, aliás) pelo mundo.
Afinal, o próprio Lula afirmou
anteontem, embora em outro contexto, que, "quanto mais gente participa [dos Gês], menos chance a
gente tem de errar".
crossi@uol.com.br
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