São Paulo, domingo, 12 de julho de 2009

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CLÓVIS ROSSI

No topo do mundo, mas solitários

ROMA - Palmas para o Brasil, que acaba de ser lançado ao topo do mundo, o tal de G14 (por enquanto 14, mas sabe-se lá em que número vai parar).
Mas palmas também para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que insistiu, insistiu, insistiu, correu o risco de virar um chato perante seus pares, mas ganhou a vaga pela qual lutou. Muito bem. Chega de palmas e vamos às vaias.
Por muito que tenha evoluído e que umas quantas empresas tenham se internacionalizado, o Brasil continua sendo um país caipira, como o descreveu uma vez seu então presidente, Fernando Henrique Cardoso. Queria dizer que, como todo país continental, estava voltado mais para dentro que para fora. Ainda está. Cubro assuntos internacionais há 36 anos. G8, desde que era G7. Nunca, nunca, nunca precisei consultar parlamentares para me informar ou obter opiniões sobre qualquer evento internacional que me tocasse acompanhar.
Juro que não é preconceito. É falta de interlocutores. Na academia, há uma dúzia de pessoas, pouco mais ou menos, com as quais se pode trocar ideias sobre temas internacionais sem sair perdendo na troca. No empresariado, basta acompanhar os fóruns de Davos para ver a insignificante participação brasileira. Também aí há três ou quatro solitários que participam e são ouvidos. Só. Nunca escondi que tenho profundo respeito pelo Itamaraty, mas não é nem lógico, nem sábio, nem democrático deixar que a política externa seja território de caça reservado aos diplomatas e/ou a um presidente que se interessa (desde sindicalista, aliás) pelo mundo.
Afinal, o próprio Lula afirmou anteontem, embora em outro contexto, que, "quanto mais gente participa [dos Gês], menos chance a gente tem de errar".

crossi@uol.com.br


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