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Editoriais
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Enfim, a CPI
AGORA QUE o Senado decidiu instalar a CPI da Petrobras, depois de uma injustificável protelação da base
governista, é fundamental que as
investigações se desenvolvam
com foco, transparência e o mínimo de autonomia.
Não se trata de tarefa trivial. A
julgar pelo noticiário mais recente, a presença tentacular da
estatal dotou o governo de um
arsenal de informações capaz de
amaciar o discurso dos próprios
senadores que vão investigá-la.
O dinheiro destinado pela Petrobras à Fundação José Sarney,
no Maranhão, é só o exemplo
mais recente da barafunda de interesses que une o caixa da estatal a partidos, parlamentares e
interesses corporativos. As
maiores empreiteiras do país
têm negócios com a Petrobras.
Ao menos 22 ex-sindicalistas, a
maioria ligada ao Partido dos
Trabalhadores, ocupam postos
estratégicos da Petrobras, da
Transpetro e da Petros, o fundo
de pensão da estatal.
Eles comandam não só contratos de centenas de milhões de
reais como também financiam
projetos sociais e culturais de
prefeituras e ONGs em mais de
mil cidades em todo o país.
Já o PMDB, de José Sarney e
Renan Calheiros, detém cargos
vitais na estatal e na Agência Nacional do Petróleo, órgão que
também é objeto da CPI que deverá ser instalada nesta terça-feira. A proliferação de contratos
milionários da estatal pelos mais
diferentes cantos do país não
deixa de atender, também, a interesses de políticos da oposição.
Diante desse verdadeiro consórcio, é impossível que a CPI venha a cumprir todos os objetivos
a que se propõe -sobretudo porque a base aliada vai controlar a
presidência e a relatoria da comissão. Dada a profusão de indícios de irregularidades, o contribuinte sairá ganhando se apenas
10% das denúncias forem investigadas com seriedade.
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