ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - Ciro Gomes nega categoricamente que tenha chamado Itamar Franco de conservador e reacionário, como se lia ontem em alguns jornais. Mas que o pau está quebrando entre os adversários de FHC lá isso está.
Ciro desconfia de Arraes, que disputa com Brizola, que fala mal de Itamar, que rejeita Lula, que acusa Roberto Freire de capacho de Fernando Henrique.
Esse clima deve piorar na próxima terça-feira, quando haverá duas reuniões em Brasília. De um lado, PT, PDT, PC do B -e Arraes, do PSB. De outro, Ciro Gomes com deputados que defendem a "terceira via" na sucessão, incluindo até desgarrados do PSDB.
O fator novo nas oposições é a firmeza de Brizola a favor de uma aliança com o PT. Sem os fundamentais minutos do PDT na televisão, a "terceira via" corre o risco de virar fumaça. A não ser que consiga atrair formalmente o PMDB, algo improvável.
Até agora, tudo indica que Itamar vai mesmo para o PMDB. Quanto a Ciro, ontem mesmo o presidente do PSDB, Teotonio Vilela Filho, e o líder na Câmara, Aécio Neves, acertaram uma investida para dissuadi-lo de trocar o partido pelo PSB.
Além do nome do candidato, os problemas de uma "terceira via" não são poucos: PSB e PPS, sozinhos, não fazem verão; Itamar é sempre uma incógnita; o tamanho do PMDB antigovernista, idem.
Se, apesar disso, essa alternativa sair, com Itamar, Ciro ou ambos, o PT vai automaticamente se unificar, radicalizando o discurso e botando fogo na militância. Quem racha é o PMDB.
A importância peemedebista não é pouca. Tanto que FHC até acenou com uma vaga para o partido num futuro "conselho de campanha", que vai formular a estratégia do candidato. O objetivo será tentar amarrar um discurso polipartidário para os palanques e impedir que os aliados se matem nos Estados.
Dê no que dê a convenção do PMDB, quem está com FHC vai ficar com ele, quem é contra vai continuar contra.
Alguém imagina Antônio Britto na oposição a FHC? E Paes de Andrade no palanque governista?




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