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MELCHIADES FILHO
BR distribuidora
BRASÍLIA - Lula negou à Petrobras o controle dos poços porque
ela deve satisfações aos acionistas, e
não ao presidente da República.
Mas é justamente isso que faz da
empresa a favorita ao papel de ponta-de-lança do governo no pré-sal.
A Petrobras é uma caixa-preta.
Que o diga o Tribunal de Contas da
União, cujas auditorias já detectaram sobrepreço, despesas com consultorias fictícias, escolhas de fornecedores sem respaldo técnico,
aditivos inexplicados e outras irregularidades sob a ótica da Lei das
Licitações (número 8.666/93).
A Petrobras, porém, usa sempre
um argumento para rebater as acusações e evitar constrangimentos:
por ser uma "sociedade de economia mista", com participação de capital privado, não tem que submeter todos os contratos à 8.666.
Amparada em decisões da Justiça
(baseadas em decreto baixado por
FHC), ela alega que precisa de agilidade para fazer frente à concorrência. Na área de serviços, por exemplo, estima-se que não licitou 40%
do gasto no governo Lula até 2007.
(Talvez isso explique por que ela
tenha virado alvo da Polícia Federal
e freqüentado o noticiário de escândalos, do mensalão à Navalha, de
Sílvio "Land Rover" Pereira a Duda
"Paraíso Fiscal" Mendonça.)
É difícil acreditar que o Planalto
não venha a se interessar pela elasticidade operacional que o status de
"sociedade mista" garante. A Petrobras significaria um atalho para encomendar plataformas, navios, insumos etc. (e, também, para atender lobbies, distribuir favores etc.).
Na avaliação de técnicos do TCU,
a entrada imediata em jogo de uma
estatal "pura", sujeita a mais regras
e burocracias, poderia atrasar em
mais de uma década o começo da
produção, previsto para 2015/20.
Uma opção seria mudar a lei. Outra, menos trabalhosa, seria guardar a PetroSal para gerir a extração
e o caixa, após instalada -ou encaminhada- a infra-estrutura. A fala
de Lula no 7 de Setembro, elogiosa à
Petrobras, terá sido um sinal?
mfilho@folhasp.com.br
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