|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLÓVIS ROSSI
A jabuticaba e o champanhe
SÃO PAULO - Ao contrário do que
parece pensar o presidente Lula, a
recuperação da economia não é
uma jabuticaba, que só dá no Brasil.
No mesmo dia em que o IBGE
anunciava crescimento de 1,9% no
segundo trimestre, a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, o clubão das 30 maiores economias) soltava os seus "leading indicators", os
principais indicadores.
"Mostram, para julho de 2009,
fortes sinais de recuperação na
maioria das economias da OCDE.
Claros sinais de recuperação são
agora visíveis em todas as sete
maiores economias, em particular
na França e na Itália, assim como
na China, na Índia e na Rússia. Os
sinais que vêm do Brasil são também mais encorajadores do que na
avaliação do mês passado", diz o comunicado.
Não é por isso que o Brasil não
deva comemorar. Ao contrário, deve comemorar duplamente, pela
sua própria performance e pela recuperação das grandes economias.
Dispensável dizer que, quanto mais
o mundo se afastar da anemia, tanto melhor para o Brasil.
Não custa lembrar que a crise que
levou à recessão agora superada
também não foi uma jabuticaba.
Foi gerada no exterior.
A grande questão que os números
levantam, no Brasil como nos países da OCDE, é a mesma que rondou a reunião de ministros da Fazenda do G20, que é composto, na
verdade, por 21 países mais a União
Europeia: está na hora ou não de começar a desfazer a coleção de pacotes de estímulo adotados para domar a crise?
A resposta coletiva do G20 foi
não, bem rotundo. A do ministro da
Fazenda do Brasil, Guido Mantega,
foi idêntica: nem é hora de mais estímulos nem dá para retirar por enquanto os já adotados, até porque a
economia ainda não caminharia
sem eles.
Champanhe, mesmo, só quando a
muleta puder ser abandonada.
crossi@uol.com.br
Texto Anterior: Editoriais: Coleção de erros
Próximo Texto: Brasília - Fernando Rodrigues: Um conceito inexistente Índice
|