São Paulo, segunda-feira, 12 de setembro de 2011 |
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Editoriais editoriais@uol.com.br O plano Obama Programa de estímulo para a economia norte-americana deve ter efeito limitado, insuficiente para compensar o cenário mundial adverso É provável que o plano de estímulo de Barack Obama tenha efeitos positivos sobre a economia americana, mesmo consideradas suas deficiências e ainda que parte do pacote venha a ser desbastada por um Congresso dominado por uma oposição hostil. A questão importante, porém, é saber se a "Lei dos Empregos Americanos" será capaz de compensar os danos causados pela maré montante de problemas na economia mundial e pelas correntes recessivas que engolfam parte dos EUA. Talvez o plano Obama seja tardio e insuficiente. Os recursos envolvidos no programa superaram as expectativas dos céticos quanto à inclinação de Obama de gastar mais ou taxar menos. O presidente americano tem sido pressionado por um Congresso que, de tão avesso ao endividamento, faz um mês quase empurrou o país para a insolvência. Mas essa mesma pressão levou Obama a confeccionar um programa de estímulo fiscal mais baseado em cortes de impostos que em gastos diretos, que têm maior poder de injetar ânimo na economia. Empresas e trabalhadores entregarão menos dinheiro ao fisco, mas parte dessa renda adicional sempre é poupada, ainda mais em tempos de alto desemprego e baixa confiança, como agora. Quem contratar receberá incentivos. Mas os poucos novos empregos seriam criados com ou sem estímulo; o ambiente recessivo não convida ao aumento de folhas de pagamento. Enfim, na conta das desonerações entram cortes de impostos já em vigor. Mais da metade do pacote de US$ 447 bilhões envolve redução de tributos. Um quarto será destinado a infraestrutura de transporte e educação. Tal investimento pode colocar em uso parte dos recursos que fugiram da construção civil. Mas, se passar pelo Congresso, o plano terá implementação lenta e impacto reduzido, dada a imensidão da economia dos EUA. Parte menor da verba, cerca de 10%, será destinada a evitar o desemprego de professores e outros funcionários de Estados e municípios, que, sem receita, vêm demitindo. Por fim, o plano prevê a ampliação do seguro-desemprego. O grosso do plano Obama, ou o que restar dele, será implementado praticamente em 2012. Lembre-se, de resto, que parte do plano será pago com aumentos de impostos noutra parte da economia. Além do mais, neste momento, a União Europeia implementa um programa de controle fiscal que deve provocar recessão em breve. Nem se mencionem os riscos de choques derivados da desordem financeira de governos e bancos europeus. Os emergentes também reduzem o crescimento, vários premidos pela inflação alta. Não será pelo comércio internacional que os EUA receberão estímulos. Pode ser que o pacote de Obama colabore ao menos para sustentar o cenário hoje menos pessimista para a economia mundial nos próximos anos: estagnação, mas sem colapsos como o de 2008. A isso se chama, agora, otimismo. Próximo Texto: Editoriais: Fora do trilho Índice | Comunicar Erros |
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