São Paulo, segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Editoriais

editoriais@uol.com.br

Fora do trilho

O uso a cada dia mais intenso da ainda modesta rede disponível contribui para abalar a avaliação dos paulistanos sobre o metrô. A superlotação de vagões e estações, num nível em regra muito superior ao considerado aceitável, ajuda a explicar por que, pela primeira vez, o Datafolha registrou aprovação inferior a 50% ao indagar sobre a qualidade do metrô.
A pesquisa mais recente mostrou que 47% dos paulistanos consideram bom ou ótimo o serviço prestado pela rede de 70,6 km de extensão, capaz de realizar 4 milhões de viagens individuais por dia. Em 1997, quando o metrô percorria 43,4 km e registrava um fluxo diário de 2,4 milhões de viagens, 68% aprovavam o sistema.
A ampliação do acesso ao metrô é, obviamente, positiva. O fenômeno ganhou impulso a partir de 2005, com a integração do bilhete único municipal com toda a rede sobre trilhos.
O salto no número de usuários, porém, tornou patentes os problemas acumulados ao longo de décadas de investimento baixo no metrô e no sistema de transporte público como um todo. Nos últimos anos, muitos passageiros trocaram o aperto e a lentidão dos ônibus pela eficácia paulatinamente desconfortável dos trens.
Para atacar a superlotação, não basta acelerar a ampliação da malha. Distribuir melhor o conjunto de usuários entre todas as modalidades de locomoção é imperativo.
Os corredores de ônibus foram negligenciados pelo prefeito Gilberto Kassab (PSD), o que estimulou a migração de passageiros para o metrô. A gestão já admite que não cumprirá a promessa de construir novos 66 km de vias exclusivas para os coletivos de superfície.
Os sucessivos governos estaduais tucanos tampouco têm cumprido as promessas de campanha. Entre as obras anunciadas no mês passado pelo governador Geraldo Alckmin, em seu plano de investimentos até 2015, constam as linhas 4 e 5 do metrô -as mesmas que, segundo o plano de investimentos anterior, deveriam ter sido concluídas neste ano.
Não é razoável esperar soluções mágicas para a complexa e cara gestão do transporte público em São Paulo. Mas já será um avanço se as modestas promessas de investimento, reiteradas a cada pleito, forem afinal cumpridas.


Texto Anterior: Editoriais: O plano Obama
Próximo Texto: São Paulo - Vinicius Mota: Cidades opressivas
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.