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ELIANE CANTANHÊDE
Tradução: renúncia
BRASÍLIA - "Licença" foi só um
eufemismo para a renúncia. Ao se
licenciar, depois de meses de resistência, Renan Calheiros não terá
condições de voltar à presidência
do Senado. Nem amanhã, nem daqui a um mês, nem daqui a dois.
No pronunciamento à TV Senado, forma de escapar de mais uma
incômoda entrevista coletiva, ele
justificou que se afastava para evitar constrangimentos, como o do
plenário na terça, e disse que enfrentará os processos "à luz do dia".
Derrotado na guerra para manter
a presidência, Renan vai lutar com
igual garra para defender o que lhe
resta: o mandato de senador. No
pronunciamento, ele falou coisas
como "a inflexível certeza da inocência" e "o poder é transitório, a
honra é um bem permanente".
Renan já tinha decidido pela licença formal na manhã de ontem.
Naquele momento, pensava em viajar no feriado com a família e anunciar uma licença de 60 dias na próxima segunda-feira. Acabou cancelando a viagem e antecipando o
anúncio -e só por 45 dias.
A saída da presidência já estava
negociada com Lula e com o PT
desde a véspera, e, assim, o dia de
ontem foi reservado a negociar com
os adversários, em especial o PSDB.
Daí a presença decisiva em Brasília
do governador de Alagoas, o tucano
Teotonio Vilela Filho, conterrâneo
e amigo de Renan e voz bastante
ouvida no PSDB.
A reação do Planalto é de alívio,
porque a presidência do Senado será ocupada interinamente pelo petista fiel Tião Viana, num momento
chave, que é o da tramitação de votação da prorrogação da CPMF.
Já não se pode dizer o mesmo para senadores do DEM, do PSDB, do
PMDB e do PT que ficaram frontalmente contra Renan, votando a favor da cassação ou pressionando
pela renúncia ou pela licença.
Renan sai da presidência, mas as
grandes indagações continuam: ele
sai ou não atirando? E qual a sua
munição? A crise não acabou.
elianec@uol.com.br
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