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SEMANA DE FMI
Começa hoje a primeira revisão do mais recente acordo fechado entre o Brasil e o FMI. O alívio
relativo no câmbio, ao que consta,
representará, também, um alívio político relativo para a equipe do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
Nada indica que os técnicos do Fundo pressionarão, ao menos nesse encontro, o Brasil para que aumente a
meta de superávit primário.
Haverá, portanto, um período de
"transição" para o futuro governo
também no que se refere à sua relação com o Fundo, o qual poderá ser
útil para delinear uma estratégia nesse delicado assunto. Evitar que o
FMI, nas futuras revisões do acordo,
exija um arrocho fiscal ainda maior
do que os já vultosos 3,75% do PIB
será o objetivo fundamental.
Para tanto, será preciso que o governo Lula mantenha o viés conservador nas discussões do Orçamento
de 2003, para que não haja dúvidas
acerca da sua disposição de cumprir
os 3,75%. Também vale acenar com
a execução de reformas (a previdenciária, por exemplo) que melhorem a
qualidade e a sustentabilidade do superávit e que estejam pendentes na
agenda do país.
A partir daí se pode pensar numa
pauta de proposições mais ousada,
como a de tentar liberar do cálculo
do déficit público investimentos essenciais -em energia elétrica, por
exemplo- para sustentar o crescimento. Outra proposta criativa seria
negociar a mudança do padrão de
obtenção de superávits orçamentários para que eles sejam alcançados
preponderantemente com a economia em crescimento, ainda que o horizonte para essa negociação seja de
médio e longo prazos.
É verdade que as condições de negociação do Brasil com o Fundo,
neste momento, talvez sejam as piores em muitos anos. Mas surgem indícios de que, timidamente, se iniciou um processo de revisão do tradicional receituário daquela entidade.
Afinal, o dogma da liberdade irrestrita de capitais e da liberalização de
mercados agora manifesta sua contraface incômoda no próprio centro
do capitalismo global.
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