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PRESSÃO DA ONU
Depois de semanas de intensa
negociação diplomática, o
Conselho de Segurança (CS) da
ONU finalmente aprovou uma resolução para tentar desarmar o ditador
iraquiano Saddam Hussein. O texto
sancionado é propositadamente ambíguo. Enquanto países contrários a
uma ação militar, entre os quais se
destacam França e Rússia, entendem
que uma eventual guerra contra o
Iraque depende de novos debates no
CS, os EUA julgam que a resolução já
os autoriza a atacar, caso Bagdá não
cumpra com todas as exigências relativas às inspeções de armas.
A recomendação anunciada ontem
por um comitê do Parlamento iraquiano para que a resolução seja rejeitada não deve ser levada muito a
sério. O próprio comitê afirma que o
Conselho do Comando Revolucionário -isto é, Saddam Hussein- é
que deve tomar a decisão adequada
para "defender o povo do Iraque, sua
independência e dignidade". Pelo
histórico de Saddam Hussein, ele deverá tentar ganhar tempo, emitindo
toda sorte de sinais contraditórios,
mas dificilmente fará um gesto que
torne a guerra inevitável.
No fundo, o que houve foi um recuo parcial das nações contrárias à
intervenção militar no Iraque. Embora França, Rússia e outros países temam as consequências políticas e
econômicas de um ataque, não estão
evidentemente dispostas a ir às últimas consequências para salvar Saddam Hussein. Indispor-se com os
EUA, por exemplo, já seria um preço
elevado demais, sobretudo agora
que o presidente George W. Bush sai
bastante revigorado das eleições,
tendo readquirido controle sobre as
duas casas do Congresso.
A situação agora é semelhante à
que vigia oito semanas atrás, quando
o CS deu início aos debates da resolução contra o Iraque: os EUA seguem afirmando que vão atacar,
mesmo que unilateralmente, se julgarem necessário. É bom que Bush
tenha se dado ao trabalho de obter algum tipo de aval da ONU para agir
no Iraque, mas ainda é cedo para
afirmar que os organismos multilaterais tenham saído fortalecidos.
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