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PLÍNIO FRAGA
Por trás do seu sorriso
RIO DE JANEIRO - Quem vê o
sorriso espontâneo do presidente
eleito dos EUA, Barack Obama, talvez não imagine que o democrata
foi beneficiário da mais completa
máquina montada na história para
analisar as preferências do eleitor.
"Microtargeting" é a palavra-chave pare entender a estratégia eleitoral de Obama. Consiste em atuar,
como permite deduzir a palavra em
inglês, em microalvos, utilizando-se de modelos matemáticos e computadores. Reportagem do "New
York Times" explicou como.
Os computadores eram alimentados com dados diversos de uma
determinada região: quais os carros
mais vendidos, quais as revistas e os
jornais mais lidos, quais os produtos mais consumidos, qual a quantidade e linha de grupos culturais, sociais e econômicos preponderantes, além das óbvias informações de
renda e escolaridade. A partir daí,
era possível construir um arcabouço sobre quais valores e conceitos
eram mais importantes para aquela
comunidade e adequar o discurso
do candidato e as inserções publicitárias a esses anseios.
Por exemplo, uma região de forte
atuação de grupos cristãos conservadores, tradicionalmente republicana, mostrou-se bastante sensível
a discursos em defesa do ambiente.
Tinha uma das maiores taxas de reciclagem de lixo do país. Para conquistar esses eleitores, a campanha
de Obama tentava demonstrar
quanto o democrata era mais receptível ao tema do que McCain.
O "microtargeting" começou a
ser usado pelos republicanos em
2000, mas foi potencializado pelos
milhões de dólares arrecadados pelos democratas, que permitiram a
extensão das suas bases de dados.
Há muito as campanhas deixaram de ser conduzidas por uma mal
definida sapiência política e estão
cada vez mais submetidas às regras
mercadológicas. Pouca coisa era espontânea na campanha de Obama,
talvez nem mesmo o seu sorriso.
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