São Paulo, segunda-feira, 12 de dezembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AUMENTO DO CRÉDITO

Apesar da forte queda do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre, as perspectivas da economia para 2006 são de melhora, mas dentro do padrão contido e insatisfatório dos últimos anos.
No plano interno, um dos aspectos que ainda deverá contribuir para o aquecimento da economia é a expansão do crédito às pessoas físicas.
Instrumentos financeiros recentemente criados ou aperfeiçoados, como os descontos em folha de pagamento, as operações de microcrédito e as alianças entre bancos privados e grandes redes varejistas, já permitiram um significativo aumento das operações. De acordo com o Banco Central, o estoque de crédito nesse setor cresceu cerca de 34% em 2005.
Além dessas inovações, o processo de expansão dos cartões de crédito e dos cartões de lojas aumentou as possibilidades de captação de recursos. O número de cartões de crédito quase quadruplicou: era de 14,3 milhões em 1995, chegou a 55,4 milhões em junho de 2005.
Outro aspecto importante é o alongamento das operações de empréstimo, em particular para os consumidores de baixa renda. Consagrou-se a fórmula de apresentar ao público não o preço do produto, mas o valor da prestação a ser paga, fixada de modo a despertar a sensação de que os pagamentos parcelados cabem no bolso "de qualquer um". Essas prestações embutem taxas de juros em queda, mas num patamar muito alto. Segundo as estatísticas do Banco Central, as taxas médias nas aquisições de bens, exceto automóveis, passaram de 71,5% em dezembro de 2003 para 59,1% em outubro de 2005. A título de comparação, no Chile, a taxa de juros média para empréstimos é de 13,8%.
É certo que esse processo de endividamento das pessoas físicas tem limites, mas ainda parece sobrar algum fôlego para 2006, sobretudo se ocorrer um movimento persistente de queda da taxa de juros básica nos próximos meses. Ainda há uma parcela da população a ser atraída por essas novas modalidades de empréstimos, e o aumento do salário mínimo e da massa salarial, com a relativa melhora da atividade econômica, devem favorecer o consumo.


Texto Anterior: Editoriais: VENEZUELA NO MERCOSUL
Próximo Texto: São Paulo - Vinicius Torres Freire: "Aaaah, Rooomeeeu!"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.