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VINICIUS TORRES FREIRE
"Aaaah, Rooomeeeu!"
SÃO PAULO - "O país estava irreconhecivelmente inteligente" entre 1964
e 1969, escreveu o crítico Roberto
Schwarz. Mas o "Bandido da Luz
Vermelha", filme de 1968 de Rogério
Sganzerla, já alertava: "Quando a
gente não é o melhor, a gente avacalha", boa frase do cinema nacional.
Concorre com Grande Otelo vestido
de Julieta, na cena do balcão, dizendo ao Romeu Oscarito "Aaah, Roomeeeu!" ("Carnaval de Fogo, 1949).
Com "Precisamos de um líder político", em que o poeta-revolucionário
Jardel Filho se enganava e se desenganava com o populismo de esquerda em "Terra em Transe", de Glauber Rocha, 1968. E "O Terceiro Mundo vai explodir, quem "tiver" de sapato não sobra!", também de Sganzerla.
O Terceiro Mundo explodiu com
Bin Laden e colegas. O Brasil continua meio burro -de bom mesmo, a
democracia. No anos 60, havia poetas, música e cinema novos, agitação
e propaganda de esquerda. O povo
era de Jecas Tatus, a maioria vivendo na roça, sob ditadura e golpes,
ainda mais analfabeto do que hoje.
Intelectuais inteligentes, mas provincianos, discutiam na USP, Ipanema e
Iseb achando que mudavam o país,
que pouco mudava por causa deles.
Hoje, há mais universidades, montes de intelectuais especialistas, tecnocratas, na comissão de frente deles
os economistas banqueiros que no
segundo escalão de Lula mandam no
país mais que mandavam sob FHC.
Há mais meios para mudar. Insistimos na burrice reacionária.
O economicismo neobobo invade
as ciências sociais, em petição de miséria, e vira filosofia do engano. Na
educação, chegamos aonde França e
EUA estavam faz um século.
Não temos nem mais os surtos da
economia e do emprego, o que faz a
diferença. A gente discute se a miséria caiu 1% ou 2,723%. A inflação será 5,1% ou 5,7%? O PIB sobe 2,3% ou
2,8%? Migalhas do superávit. Lula
sabia? E o Dirceu, hein?
De resto, a vida melhora devido a
vacinas, antibióticos, anticoncepcionais, pesquisa agrícola, ciências e tecnologias euro-americanas e eletrodomésticos asiáticos baratos.
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