|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
30 dias de traição
BRASÍLIA - Faltam cerca de 30 dias para as eleições dos novos presidentes
da Câmara e do Senado. Será um período de pequenas e grandes traições.
A eleição é secreta. É impossível os
candidatos saberem com precisão de
quantos votos dispõem. A dúvida vale, sobretudo, para os dois concorrentes mais abastados na Câmara, Aécio
Neves (PSDB-MG) e Inocêncio Oliveira (PFL-PE).
Mais da metade das bancadas dos
principais partidos governistas é movida apenas por sentimentos, vamos
dizer, pouco ideológicos.
Essa foi a razão pela qual o PSDB
conteve nesta semana seu recente
rompante juvenil. Puros, os tucanos
prepararam um documento contendo as 14 assinaturas de seus 14 senadores fazendo juras de fidelidade ao
candidato que o PMDB decidir lançar para a presidência do Senado.
Na última hora, baixou a razão no
PSDB. Se o gesto estava sendo feito a
favor do PMDB no Senado, por que
então a contrapartida não deveria
ser esperada na Câmara?
O PMDB terá de provar, de preferência com as assinaturas de seus cerca de cem deputados, que dará apoio
ao candidato tucano à presidência
da Câmara. Aí as coisas começam a
ficar mais difíceis. Ou, na realidade,
mais claras.
O PMDB não tem a menor chance
de conseguir 100% das assinaturas de
seus deputados a favor desse ou daquele candidato. ""Seria hipocrisia dizer que temos 100% dos votos", admite o próprio líder peemedebista na
Câmara, Geddel Vieira Lima.
Sendo assim, o que pode ser garantido numa eleição secreta? Quase nada. Entre os aliados mais próximos
de FHC continua a torcida para que
algum fato os salve da carnificina fisiológica desenhada à frente.
Caso contrário, há risco de o Congresso virar palco de um dos espetáculos mais deploráveis na era FHC.
Inclusive com deputados, no plural,
perdendo seus mandatos.
Texto Anterior: São Paulo - Fernando Canzian: Davos 10 x 0 Porto Alegre? Próximo Texto: Rio de Janeiro - Claudia Antunes: Tudo como antes Índice
|