São Paulo, sábado, 13 de janeiro de 2001

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FERNANDO RODRIGUES

30 dias de traição



BRASÍLIA - Faltam cerca de 30 dias para as eleições dos novos presidentes da Câmara e do Senado. Será um período de pequenas e grandes traições.
A eleição é secreta. É impossível os candidatos saberem com precisão de quantos votos dispõem. A dúvida vale, sobretudo, para os dois concorrentes mais abastados na Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG) e Inocêncio Oliveira (PFL-PE).
Mais da metade das bancadas dos principais partidos governistas é movida apenas por sentimentos, vamos dizer, pouco ideológicos.
Essa foi a razão pela qual o PSDB conteve nesta semana seu recente rompante juvenil. Puros, os tucanos prepararam um documento contendo as 14 assinaturas de seus 14 senadores fazendo juras de fidelidade ao candidato que o PMDB decidir lançar para a presidência do Senado.
Na última hora, baixou a razão no PSDB. Se o gesto estava sendo feito a favor do PMDB no Senado, por que então a contrapartida não deveria ser esperada na Câmara?
O PMDB terá de provar, de preferência com as assinaturas de seus cerca de cem deputados, que dará apoio ao candidato tucano à presidência da Câmara. Aí as coisas começam a ficar mais difíceis. Ou, na realidade, mais claras.
O PMDB não tem a menor chance de conseguir 100% das assinaturas de seus deputados a favor desse ou daquele candidato. ""Seria hipocrisia dizer que temos 100% dos votos", admite o próprio líder peemedebista na Câmara, Geddel Vieira Lima.
Sendo assim, o que pode ser garantido numa eleição secreta? Quase nada. Entre os aliados mais próximos de FHC continua a torcida para que algum fato os salve da carnificina fisiológica desenhada à frente.
Caso contrário, há risco de o Congresso virar palco de um dos espetáculos mais deploráveis na era FHC. Inclusive com deputados, no plural, perdendo seus mandatos.


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