São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 2005

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PAINEL DO LEITOR

Catracas
"Despropositada a bronca de Fernando de Barros e Silva na Fuvest no texto "Pegadinha do Fuvestão" (Opinião, pág. A2, 11/1). Ele chama o tema de "espírito meia-oito requentado". Nada disso! O tema, se o jornalista reler com cuidado a proposta, tem o intuito de analisar o poder de criticidade dos candidatos, sim! A banca examinadora não pretendia que os candidatos sacassem Marcuse, Foucault ou Rousseau, como o jornalista ironicamente sugere, mas que simplesmente discutissem as catracas, ou seja, os controles que todos nós sofremos, seja o controle estatal, o social ou até mesmo o religioso e o familiar. Será que no curso de jornalismo não se estudam mais metáforas? Descatracalizar é neologismo dos bons, como nos ensinou Guimarães Rosa. E é metáfora perfeita da sociedade contemporânea."
Luiz Puntel, autor de livros juvenis e professor de ensino médio (Ribeirão Preto, SP)

 

"A proposta da Fuvest ao escolher o tema da redação deste ano era para que o aluno concordasse ou não com o ativismo do grupo Contra Filé e trouxesse para seu texto outros pontos que julgasse pertinentes à discussão. Desse modo, não vejo por que o único caminho seria o dos clichês vazios. O tema permitia, por exemplo, a reflexão sobre o papel do cidadão na sociedade, inclusive o papel de controlar seus governantes e representantes legislativos, eleitos pelo voto direto. O aluno poderia também criticar o grupo, dizendo que o Contra Filé, naquele ato, praticou um ativismo exagerado, baseado numa certa "teoria da conspiração". Se a "elite brasileira entra e sai da universidade lendo e escrevendo muito mal", isso não tem nada a ver com a proposta de redação desse ou de qualquer outro vestibular."
Tales Picchi Alves, bacharel em direito pela USP e vestibulando de medicina (Jundiaí, SP)

Bancos
"Em relação ao artigo de Marcos Cintra de 10/1 ("As escorchantes tarifas bancárias", Dinheiro), a Federação Brasileira de Bancos -Febraban- tem a ressaltar que as variações significativas entre tarifas praticadas por diferentes bancos revelam o grau de competição de um mercado caracterizado pela livre concorrência. Além disso, dependendo do perfil de clientes, do porte e da estratégia, diferentes bancos oferecerão seus serviços em leques distintos de canais, o que impacta significativamente os custos e conseqüentemente as tarifas desses serviços. Como exemplo, podemos dizer que dois bancos podem oferecer o mesmo tipo de serviço de consultas a extratos com movimentação histórica de até seis meses. Porém, caso um o disponibilize em canais eletrônicos e o outro somente por meio de seus gerentes, os preços mínimos divulgados para o serviço serão provavelmente significativamente diferentes. O gasto geral das instituições financeiras em novos desenvolvimentos de sistemas e em equipamentos corresponde a 10,4% do patrimônio líquido dos bancos, algo como R$ 11,5 bilhões, sendo o setor bancário o que mais investe em tecnologia da informação -em torno de R$ 4 bilhões. Somente com segurança física os bancos arcam com custos da ordem de US$ 1,1 bilhão por ano. Sobre a lucratividade do setor bancário, o lucro líquido sobre o patrimônio dos bancos em 2003 foi de 15,9%. Está, assim, abaixo dos 54,2% do setor de comércio exterior e praticamente na média de todos os demais setores, que, de acordo com a publicação "Valor 1000" de 2004, foi de 15,2%, abaixo, portanto, da média latino-americana, que, de acordo com a revista "The Banker", foi de 23,9%. Quanto aos juros, um dado é suficiente: a tributação, direta e indireta, e os recolhimentos compulsórios representam 29,4% do custo de um empréstimo."
William Salasar, superintendente de comunicação social da Febraban (São Paulo, SP)

Doutor
"Gostaria de parabenizar a Folha pela oportuna e esclarecedora reportagem sobre a desvalorização do titulo de doutor na rede privada ("Título de doutor perde força na rede privada", Cotidiano, 10/1). Sem duvida, o tema abordado por Antônio Góis e Cláudia Colucci se refere à política meramente mercadológica que vem acontecendo na rede particular, na qual os profissionais realmente qualificados -não apenas doutores- perdem espaço, principalmente quando tentam continuar sua carreira acadêmica cursando doutorado. Creio que seja mais do que urgente que o MEC tome as medidas cabíveis quanto à valorização da qualificação docente, principalmente quando se anuncia a intenção de dobrar o número de doutores no país e quando a meta de expansão do ensino superior através do Prouni está em grande parte apoiada na distribuição de bolsas de estudo para alunos em instituições da rede particular."
Fernanda Helena Petrini, professora universitária, mestre em educação (Salto, SP)

Inundações
"Parabenizo o cartunista Jão e a Folhinha pelo interessante "Jogo de 7 erros" publicado na edição do dia 8/1, sobre chuvas, impermeabilização do solo e inundações. A ótima idéia de colocar um erro conceitual, e não gráfico, mostrou o uso educativo de um simples e tradicional jogo."
Eduardo Macedo, geólogo (São Paulo, SP)

Tênis
"Gostaria de expressar a minha indignação com a falta de notícias sobre os tenistas brasileiros! Sinto falta de notícias sobre a recuperação física do nosso tricampeão de Roland Garros, nosso querido Guga, e também a ausência de fotos e de notícias mais expressivas sobre Ricardo Mello, que venceu o aberto de São Paulo e subiu dez posições no ranking! A imprensa não pode esquecer nossos vencedores!"
Teresa Olímpia do Canto Togni (São Paulo, SP)

Gaspari
"Em relação à nota "Tucanos malvados", publicada na coluna de Elio Gaspari de 19/12 (Brasil), seguem alguns esclarecimentos sobre os processos de regularização de loteamentos no município de Diadema nos últimos anos: Entre 2000 e 2004, deram entrada na Secretaria da Habitação do Estado de São Paulo 27 processos que propunham a regularização de áreas em Diadema. Desse total, dez foram aprovados -e não dois, como consta do texto. Outros cinco processos foram indeferidos, porque, em sua maioria, contrariam as disposições da Constituição estadual, que, no inciso VII do artigo 180, estabelece o seguinte: "As áreas definidas em projetos de loteamento como áreas verdes ou institucionais não poderão, em qualquer hipótese, ter sua destinação, fim e objetivos originariamente estabelecidos alterados". Oito pedidos aguardam manifestação dos interessados -precisam apresentar algum tipo de documento ou informação adicional-, três foram arquivados, porque foram necessárias mais informações ou documentos e não houve resposta, um foi dispensado de análise por se tratar de condomínio e, nesse caso, não há necessidade de ser analisado pela Secretaria da Habitação.
Emerson Figueiredo, secretário-adjunto da Secretaria de Comunicação do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Nota da Redação - Leia abaixo a seção "Erramos".


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