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Rodovias à míngua
A PRIVATIZAÇÃO de rodovias
com grande fluxo de veículos vem cumprindo
com sucesso seu principal objetivo, que é o de garantir investimentos na recuperação, na manutenção e na expansão da malha viária sob gestão privada. Já o
modelo de remuneração dos
concessionários, que se reflete
no preço dos pedágios, é matéria
de constante questionamento.
Ao suspender o processo licitatório de importantes rodovias federais, a ministra Dilma Rousseff alegou ter agido em defesa
dos usuários. A Régis Bittencourt (São Paulo-Curitiba) e a
Fernão Dias (São Paulo-Belo
Horizonte), entre outras estradas, não entraram em leilão em
dezembro, como era previsto,
por conta da suspeita, diz o governo, de que empresas estavam
formando um cartel para exigir
remuneração absurda.
A margem líquida de lucro dos
concessionários está em disputa.
O governo argumenta que, com
os juros mais baixos e a relativa
estabilidade nas contas externas,
não é preciso oferecer as taxas altas do passado para atrair investidores privados. Fala em limitar
em 13% a margem do negócio.
Toda essa discussão é pertinente, e o objetivo de encontrar
um preço justo para o pedágio
-o menor valor que propicie
atratividade ao negócio- deve
ser sempre perseguido. O que
não se justifica, nesse caso, é o
tempo que o governo levou para
preocupar-se com o tema.
A privatização desses trechos
rodoviários se arrasta, sem conclusão, desde 1999. Ao longo desse período, houve tempo de sobra para aperfeiçoar os mecanismos de regulação das estradas
concedidas. Mecanismos flexíveis de arbitragem -mediante o
monitoramento isento e técnico
de órgãos reguladores- poderiam ter sido implantados.
Sete anos de deterioração da
malha em algumas das principais rodovias do país poderiam
ter sido evitados, com ganhos para a economia, a segurança dos
usuários e as contas públicas. A
lentidão da burocracia e o desleixo das autoridades, no entanto,
continuam a dar o tom nesse tema.
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