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ANTONIO DELFIM NETTO
Sismondi!
A SEGESTA Editora (www.segestaeditora.com.br),
de Curitiba, acaba de publicar o nono volume de sua imperdível coleção "Raízes do Pensamento
Econômico". Trata-se de empreitada do maior alcance para a ampliação da nossa cultura econômica. As traduções são esmeradas, e a escolha dos textos, cuidadosa.
O nono volume da coleção é a
obra clássica de Jean-Charles Léonard Simonde de Sismondi, "Novos Princípios de Economia Política", cuja primeira edição é de 1819.
A segunda é de 1827.
Não poderia haver melhor oportunidade para servir Sismondi aos
nossos jovens economistas do que
o momento atual, quando o fracasso da administração econômica
dos países transformou o Estado
que prejudicava os "mercados" em seu "salvador de última instância"!
Para Sismondi, o Estado não é um
corpo estranho na atividade econômica, mas parte integrante e decisiva para a sua boa realização. O
papel do Estado no desenvolvimento econômico que olha para os
menos favorecidos pela sorte é o fio condutor do seu pensamento.
Para ter uma ideia da importância de Sismondi, bastam duas indicações: 1ª) O mais distinto dos
marxólogos, Maximilien Rubel,
afirmou que, para Marx, Sismondi
foi tão importante quanto Hegel;
2ª) a grande Joan Robinson disse
que, na "Teoria Geral", Keynes deveria ter dado crédito a Sismondi, e
não a Malthus, porque aquele é o seu verdadeiro precursor.
Aos 30 anos, Sismondi publicou
o livro "De La Richesse Commerciale, ou Principes d'Economie Politique", uma habilíssima exposição das doutrinas de Adam Smith.
O livro consagrou-o como economista, a ponto de ser convidado
para a cátedra de economia política da Universidade de Wilna.
Sismondi era um observador
pragmático. Na sua visita à Inglaterra em 1819, ele testemunhou
um quadro pavoroso. Uma crise financeira e industrial se abatia sobre o país, derrubando os salários
abaixo do nível de subsistência, o
que não encontrava explicação em
Adam Smith. Isso levou Sismondi
à reflexão que constitui os "Novos
Princípios de Economia Política",
que a Segesta põe agora à disposição de nossos economistas em excelente edição.
Sismondi recusou a Lei de Say,
de que a "oferta cria sua própria
procura"; desenvolveu uma noção
clara do circuito econômico; antecipou o problema da demanda efetiva; introduziu um modelo dinâmico com variáveis datadas etc.
Ele anteviu o Estado do bem-estar
e as modernas preocupações com a
justiça social. No fim, o "socialista
pequeno-burguês" (como a ele se
referia Marx) foi mais conforme
com o futuro do que o "socialismo
científico". Que ninguém perca
esse banquete!
contatodelfimnetto@uol.com.br
ANTONIO DELFIM NETTO escreve às quartas-feiras
nesta coluna.
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