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O SHOW CHEGA AO FIM
Não houve propriamente surpresa
na votação do Senado norte-americano, que ontem engavetou o processo
de impeachment contra Bill Clinton.
A oposição republicana, majoritária
em plenário, não tinha os dois terços
dos votos necessários para defenestrá-lo da Casa Branca. Com a adesão
de senadores da oposição à minoria
democrata, o resultado acabou sendo melhor que o esperado para o presidente norte-americano.
Foram 13 meses de um fogo cruzado, cheio de segundas intenções. As
relações extraconjugais de um presidente entraram em choque com a
cultura puritana que exige do homem
público, na vida privada, comportamento pautado pelos mesmos valores que deve demonstrar em sua atividade pública e política.
Mas a indignação com a descoberta
de que Clinton tivera um caso com a
Monica Lewinsky foi instrumentalizada pelos republicanos, que se esforçaram na tentativa de enfraquecer
o Partido Democrata -o do presidente- e ampliar suas próprias
chances de retorno ao Executivo.
A manobra falhou porque em momento algum Clinton deixou de se
beneficiar do apoio da opinião pública interna. Não que por trás disso
existisse uma aprovação de seu comportamento sexual. Mas porque o
crescimento econômico e as taxas reduzidas de desemprego se traduziam
por uma melhoria ainda maior das
condições de vida no país, o que se
atribuiu, em parte, ao presidente.
O episódio, de qualquer modo, provocou mundialmente mais prejuízos
que lucros. O mercado financeiro registrou momentos de intenso nervosismo. Para aparentemente desviar
as atenções, Clinton apertou o cerco
ao Iraque, sem resultados até agora
conclusivos, e bombardeou o Sudão,
ao que tudo indica, inutilmente.
Por fim, o abortado impeachment,
bem mais que um fato político, tornou-se um episódio exaustivamente
explorado pela mídia, com a compulsiva dimensão de showbiz dado a sua
cobertura nas redes de TV a cabo e
nas páginas da Internet.
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