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BURACO EDUCACIONAL
São preocupantes os dados
relativos à educação divulgados
nesta semana pelo governo. De cada
cem alunos que ingressam no ensino fundamental, apenas 59 o concluem. E não é só: 39% dos estudantes cursando esse ciclo estão com
idade superior à esperada para a série
em que se encontram; 21,7% dos alunos estavam, em 2000, matriculados
na mesma série do ano anterior.
Esses números são do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais) e vão até 2001.
Ninguém pretende negar que se tenham registrado avanços no campo
da educação nos últimos anos. O
melhor dos dados diz respeito à escolarização. Em 2000, praticamente
todas (96,4%) as crianças entre 7 e 14
anos estavam na escola. Vinte anos
antes, esse índice era de 80,9%. Na
faixa etária correspondente ao ensino médio (15 a 17 anos) a situação
também melhorou bastante. Passou
de 49,7% em 1980 para 83% em 2000.
Mas não podemos celebrar a virtual
universalização do ensino fundamental para sempre. As crianças precisam de escolas para frequentar,
mas também precisam aprender
conteúdos mínimos e concluir o curso. Isso, infelizmente, não está acontecendo como deveria. Quem o afirma é o próprio presidente do Inep,
Otaviano Helene: "A situação é incompatível com as possibilidades
econômicas que o Brasil tem".
A transição qualitativa que o país
precisa fazer encontra obstáculos difíceis. O despreparo do professor é
um deles. Quase a metade (46,7%)
dos docentes da rede pública só tem
formação de nível médio. Os salários
da carreira são de R$ 530 mensais em
média. Num contexto de carência de
recursos como o atual, será muito difícil para o novo governo melhorar
rapidamente esse quadro.
Mas deixar de agir agora para que o
país finalmente dê o salto qualitativo
de que tanto necessita significa condenar as crianças de hoje ao emprego
precário de amanhã. Por extensão,
significa também manter o país
aquém de suas possibilidades.
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