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São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2003

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BURACO EDUCACIONAL

São preocupantes os dados relativos à educação divulgados nesta semana pelo governo. De cada cem alunos que ingressam no ensino fundamental, apenas 59 o concluem. E não é só: 39% dos estudantes cursando esse ciclo estão com idade superior à esperada para a série em que se encontram; 21,7% dos alunos estavam, em 2000, matriculados na mesma série do ano anterior.
Esses números são do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) e vão até 2001.
Ninguém pretende negar que se tenham registrado avanços no campo da educação nos últimos anos. O melhor dos dados diz respeito à escolarização. Em 2000, praticamente todas (96,4%) as crianças entre 7 e 14 anos estavam na escola. Vinte anos antes, esse índice era de 80,9%. Na faixa etária correspondente ao ensino médio (15 a 17 anos) a situação também melhorou bastante. Passou de 49,7% em 1980 para 83% em 2000.
Mas não podemos celebrar a virtual universalização do ensino fundamental para sempre. As crianças precisam de escolas para frequentar, mas também precisam aprender conteúdos mínimos e concluir o curso. Isso, infelizmente, não está acontecendo como deveria. Quem o afirma é o próprio presidente do Inep, Otaviano Helene: "A situação é incompatível com as possibilidades econômicas que o Brasil tem".
A transição qualitativa que o país precisa fazer encontra obstáculos difíceis. O despreparo do professor é um deles. Quase a metade (46,7%) dos docentes da rede pública só tem formação de nível médio. Os salários da carreira são de R$ 530 mensais em média. Num contexto de carência de recursos como o atual, será muito difícil para o novo governo melhorar rapidamente esse quadro.
Mas deixar de agir agora para que o país finalmente dê o salto qualitativo de que tanto necessita significa condenar as crianças de hoje ao emprego precário de amanhã. Por extensão, significa também manter o país aquém de suas possibilidades.


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