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SOB IMPACTO DO TERROR
Enquanto a Espanha velava
seus mortos e marchava contra
o terrorismo, seguia indefinida a
questão de quem perpetrou os ignominiosos atentados de Madri. Enquanto não surgirem mais provas
técnicas, será difícil chegar a uma
conclusão inequívoca. Até ontem, as
opiniões de especialistas em terrorismo, bem como as de serviços de segurança, permaneciam divididas.
De concreto, o grupo terrorista
ETA, que normalmente assume a autoria de seus atentados, ainda que
por vezes só depois de transcorrido
algum tempo, negou, em ligações
para veículos da mídia basca, ser o
responsável pelas explosões.
Autoridades espanholas seguem
afirmando que o ETA ainda é o principal suspeito, embora ressaltem que
todas as linhas de investigação vêm
sendo consideradas. Uma explicação
para a radical mudança no estilo de
atentados do ETA seria a chegada de
uma nova geração à cúpula da organização. Com os antigos líderes encarcerados, assumiram o comando
jovens que passaram muitos anos no
exílio na França. Seriam ainda menos politizados e mais violentos.
Já a Interpol e a Europol, ao lado
principalmente de membros de serviços secretos norte-americanos, inclinam-se mais pela hipótese de que
o massacre tenha sido uma obra da
Al Qaeda, sempre sem descartar a
possibilidade de que o ETA esteja por
trás das bombas. Julgam que a organização basca encontra-se demasiadamente enfraquecida para realizar
uma operação dessas proporções.
Outra incógnita é o impacto que os
ataques terão sobre o pleito de amanhã na Espanha. O Partido Popular
(PP), de centro-direita, do premiê José María Aznar, aparecia à frente nas
pesquisas. Na hipótese de o ETA ser
o autor do atentado, a posição do PP,
que se notabilizou pelo combate ao
terror basco, tenderia a fortalecer-se.
A confirmar-se a autoria islâmica, a
reação se tornaria mais ambígua. Ao
menos uma parte do eleitorado poderia culpar Aznar por ter trazido o
terrorismo da Al Qaeda para a Espanha, ao apoiar tão entusiasmadamente os Estados Unidos na invasão
ao Iraque. É improvável, porém, que
até a abertura das urnas surja uma
definição clara sobre quem cometeu
a carnificina de Madri.
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