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KENNETH MAXWELL
Arrogância
FOI UMA QUEDA extraordinária. O governador Eliot Spitzer, 48, conhecido por sua
abordagem moralista, suas cruzadas, sua ambição e sua postura dura e intolerante, terminou derrubado não pelos múltiplos inimigos
que acumulou, mas por sua tolice e
arrogância.
Spitzer foi apanhado por escutas
federais em um caso de vigilância
bancária que envolvia uma quadrilha de prostituição de alto preço. O
indiciamento federal identifica
Spitzer como um dos clientes, o
cliente número nove, para ser exato, em documentos judiciais que
acusam quatro pessoas de operar
uma quadrilha internacional de
prostituição. O governador aparentemente contratou uma prostituta que viajou de Nova York para
um encontro com ele no Mayflower Hotel, em Washington, no dia
13 de fevereiro, e pagou US$ 4,3 mil
por seus serviços.
Os moradores de Nova York não
se chocam facilmente, mas ficaram
horrorizados com a hipocrisia exibida pelo governador. O apoio político de que ele desfrutava desapareceu da noite para o dia. E um escândalo sexual em Nova York é a
última coisa que a senadora Hillary
Clinton deseja no meio de uma disputada campanha presidencial,
pois isso lembraria a todos, uma
vez mais, as arriscadas travessuras
de seu marido infiel no gabinete
oval da Casa Branca.
Eliot Spitzer, filho de um próspero empresário imobiliário de Nova
York, formado pela Universidade
de Princeton e pela Escola de Direito de Harvard, conquistou reputação como secretário estadual da
Justiça em Nova York, um posto
eletivo que ele deteve entre 1999 e
2006. Como secretário da Justiça,
ele perseguiu implacavelmente os
figurões de Wall Street, tomando
por alvo alguns dos gigantes do
mercado financeiro, homens mais
acostumados a encontrar deferência obsequiosa do que processos de
alta visibilidade. Entre os alvos de
Spitzer havia importantes empresas de Wall Street acusadas de manipular relatórios de pesquisa sobre ações; ele promoveu investigações por fraude no setor de fundos
mútuos; conduziu um inquérito
contra Richard Grasso, presidente
da Bolsa de Valores de Nova York,
por remuneração excessiva; apresentou acusações contra a March &
McLennan por fraudes contra
clientes corporativos; e, além disso,
causou a queda do poderoso presidente-executivo do American International Group, Maurice
"Hank" Greenberg.
Não é preciso dizer que Wall
Street está extasiada com a autodestruição de Spitzer. "O governador fez carreira especializando-se
não só em processar como em arruinar outros homens. Agora é ele
que se vê quase certamente arruinado", resumiu o "Wall Street
Journal" na segunda-feira. De fato
foi assim. E em 48 horas.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras
nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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