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Mais compromisso
Governo estuda pacote
pró-exportação, mas não
se esforça para superar o
"custo Brasil" e a política
comercial equivocada
O CRESCIMENTO das exportações brasileiras
entre 2003 e 2008 foi
resultado direto da
forte expansão da economia
mundial e do aumento dos preços, especialmente de matérias
primas. Mesmo neste contexto
favorável, o desempenho brasileiro foi insuficiente para aumentar de forma importante a
ínfima participação do país no
comércio global, que segue próxima a 1%.
Não fosse o agronegócio, que
continua se destacando, a ponto
de o Brasil ter se tornado em
2009 o terceiro maior exportador mundial, a redução do saldo
comercial em curso desde o ano
passado teria sido mais acentuada. Mesmo assim, a persistir a
tendência atual o país poderá ter
um deficit comercial já em 2011.
O problema está no volume das
exportações de manufaturados,
que caiu quase 30% no último
trimestre de 2008 e vem se recuperando muito lentamente desde então.
O contraste com a Ásia é notável: a maior parte dos países, inclusive a China, já recuperou o
nível pré-crise das exportações.
A turbulência econômica recente não é a única culpada pelo fraco desempenho das exportações
brasileiras de manufaturados,
portanto. Entre 2005 e 2008 já
havia uma virtual estagnação
nos volumes embarcados.
Novamente o governo estuda
medidas de estímulo às exportações. Está em pauta desta vez
uma ampliação do abatimento
de PIS-Cofins na aquisição de insumos para empresas "preponderantemente exportadoras".
Será criado ainda um braço do
BNDES para financiar exportações, e estudam-se medidas de
desburocratização. São decisões
em geral acertadas, mas insuficientes para superar os problemas que afligem os exportadores: pesada carga tributária, ineficiências logísticas, persistente
valorização cambial e política de
comércio exterior pouco eficaz.
As novas medidas tributárias
são uma gota em um oceano e
não resolvem o principal -os
créditos acumulados de ICMS e
PIS-Cofins, que já somam entre
R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões em
algumas estimativas. O governo
reluta em compensá-los. Isso na
prática significa que o país continuará a cobrar impostos nas exportações. Mudanças profundas
demandariam uma reforma tributária, que não ocorreu nos últimos anos por conta do desinteresse do governo em lidar com
temas difíceis.
De resto, a estratégia comercial do país também tem sido
pouco eficaz. O Brasil apostou na
agenda multilateral de fortalecimento da OMC e não deu a devida atenção à costura de acordos
de comércio bilaterais ou regionais de relevância. Enquanto outros países de peso corriam para
abrir novas frentes comerciais, o
Brasil ficou para trás.
É preciso também ter o foco
correto nos reais problemas de
custo -por exemplo, por que dar
prioridade a um trem de alta velocidade entre Rio e São Paulo se
pelo mesmo valor se aliviaria ao
menos uma parte do apagão logístico que ameaça a região Centro-Oeste e os principais portos
brasileiros?
Falta, em essência, um compromisso estratégico do governo
com o comércio exterior.
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