São Paulo, domingo, 13 de março de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Editoriais editoriais@uol.com.br Fechar Guantánamo A decisão do presidente Barack Obama de retomar os julgamentos militares de detidos na prisão de Guantánamo é um testemunho da dificuldade dos Estados Unidos em reconstruir sua imagem global neste início de século 21. Quando confrontado com questões que coloquem sua segurança em risco, ainda que em hipótese, o discurso muda rapidamente. Nessas situações, o país tende a abandonar o alto padrão ético que prescreve ao restante do planeta. A percepção internacional em relação aos EUA acabou tisnada pelos excessos cometidos na "guerra ao terror" desencadeada depois do ataque de 11 de Setembro. Tortura, prisões ilegais, acordos espúrios com ditaduras -tudo contribuiu para abalar a posição do país como exemplo de respeito aos direitos humanos. A eleição do presidente Obama em 2008 parecia ter sido o ponto de mutação desse cenário, com a promessa de pôr fim ao unilateralismo e ao isolacionismo que marcaram a gestão de George W. Bush. Um dos compromissos de campanha era o fechamento da prisão de Guantánamo, um enclave em Cuba. Obama, justiça seja feita, esforçou-se para cumprir o prometido. Dois dias depois de assumir, tomou medidas para fechar a prisão em um ano e suspendeu os julgamentos militares e procedimentos questionáveis da era Bush. Desde então, sucedeu-lhe uma série de reveses. Abusos cometidos no governo anterior, como controversas técnicas de interrogação equiparáveis com tortura, inviabilizaram alguns julgamentos, por inadmissíveis em tribunais as provas assim obtidas. O fracasso da promessa de Obama foi selado com a decisão do Congresso de vetar o envio de presos de Guantánamo a tribunais em solo americano. Agora, com a retomada dos julgamentos, o fechamento sofre novo percalço. Além disso, há 47 prisioneiros em um limbo jurídico: não podem ir a julgamento, mas são considerados perigosos demais para serem soltos. Passarão a ter, contudo, aconselhamento legal. Isso não atenua a difícil posição da diplomacia norte-americana no trato com outros países. O fechamento de Guantánamo é crucial para que os Estados Unidos possam demonstrar que suas atitudes estão à altura de seus ideais. Texto Anterior: Editoriais: A aposta do BC Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Tsunamis e cismas Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |