São Paulo, domingo, 13 de março de 2011

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CARLOS HEITOR CONY

Cinco prudentes virgens

RIO DE JANEIRO - A Grande Meretriz deitou a correr de seus seios o vinho da fornicação. Esta frase inicial não é minha, é do próprio Espírito Santo, o qual falou pela boca de seus profetas, segundo está nas Santas Escrituras e nas Sangradas Escrituras do poeta Reynaldo Jardim.
Penetremos na Quaresma com o espírito contrito para purgar não apenas os nossos pecados, mas os pecados dos outros, inclusive os do Gaddafi.
A Grande Meretriz podia ter desabado de um trio elétrico. Podia ser o nosso laborioso governo estadual, que não consegue exterminar o bloco do xixi das ruas. E tudo isso sob os auspícios do Cristo Redentor, agora em cores, braços abertos sobre a Guanabara.
A imagem do vinho da fornicação é bela para quem gosta de vinhos e de fornicações. É Quaresma, e devemos flagelar a concupiscente carne com os santos silícios da penitência e das boas ações.
Sinto o rumor das preces e das macerações à minha volta. Ouço os uivos arrancados da carne dos penitentes purgando seus delitos, castigando seus rins com os cilícios recomendados por Santo Afonso Maria de Ligório para domar os instintos e os maus impulsos.
A turba de penitentes é imensa, e contritamente purga e lava a alma das impurezas, eis que os tempos são chegados e há que estar preparado para o Juízo Final sobre o projeto da Ficha Limpa e sobre o destino do imperador Adriano, que quebrou a cara no Roma.
A Quaresma chegou e explode toda em roxo em nossas matas e nas quaresmeiras tropicais. E as Virgens incautas não tinham azeite em suas candeias e saíram à procura de quem lhes desse azeite para iluminar a alcova do Senhor. Mas era tarde, o Senhor já tinha chegado, cinco prudentes virgens o esperavam. E foram recompensadas pela Imensa Noite que não tem fim.


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