|
Próximo Texto | Índice
Diagnóstico do Fundo
FMI prevê o maior ciclo de expansão econômica mundial em 37 anos, mas se preocupa com as hipotecas americanas
O FUNDO Monetário Internacional, no relatório "Panorama da Economia Mundial", projetou uma leve desaceleração para a economia global em 2007.
Em 2006 a expansão internacional foi de 5,4%, e a estimativa
é que atinja 4,9% neste ano e no
próximo. Se essa perspectiva se
confirmar, seis anos consecutivos de taxas positivas superiores
a 4% se terão consolidado, o melhor desempenho em 37 anos.
Para o Fundo, a economia
americana deverá reduzir seu
crescimento de 3,3% para 2,2%,
e a zona do euro, de 2,6% para
2,3%; o Japão manterá seu ritmo
em torno de 2,3% e a China vai
desacelerar de 10,7% para 10%.
A subida nos preços dos grãos,
segue o Fundo, ajudará exportadores de produtos agrícolas, como Brasil e Argentina. A taxa de
expansão do PIB brasileiro é estimada em 4,4% neste ano -aceleração, ante os 3,7% de 2006,
mas abaixo da média projetada
para a América Latina (4,9%).
Esse cenário benigno, no entanto, não está imune a riscos. A
principal ameaça, avalia o Fundo, vem do mercado imobiliário
dos Estados Unidos, que continua a contrair-se -com impactos ainda incertos no sistema financeiro e no consumo das famílias. O elevado patamar de endividamento em alguns setores
corporativos nos EUA e na Europa também preocupa o FMI.
A crescente integração dos
mercados financeiros globais aumenta a chance de que problemas localizados se espalhem.
Uma demonstração desse fenômeno ocorreu há cerca de um
mês, quando um surto mundial
de venda de ações foi iniciado na
pouco relevante Bolsa de Xangai.
Até o momento, no entanto, as
inovações financeiras -caso dos
mecanismos de diluição de riscos conhecidos como derivativos- têm cumprido o papel que
seus entusiastas preconizam. As
correções nesses mercados têm
se manifestado na forma de crises episódicas, logo revertidas.
É curioso observar como esse
período ímpar de estabilidade e
crescimento da economia global
se assenta numa relação estruturalmente desequilibrada entre
os Estados Unidos e a Ásia, liderada pela China. O governo americano se endivida internamente, e o país com o resto do mundo, para sustentar um nível forte
de expansão do consumo.
As nações superavitárias, ao
contrário do que os bancos em
geral fazem com seus clientes
que acumulam dívida mas não
diminuem seus gastos, estão
sempre dispostas a emprestar
mais aos americanos. Enquanto
perdurar essa relação de conveniência, dificilmente uma grande crise econômica sobrevirá.
Próximo Texto: Editoriais: Restrições ao álcool
Índice
|