São Paulo, sexta-feira, 13 de abril de 2007

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Diagnóstico do Fundo

FMI prevê o maior ciclo de expansão econômica mundial em 37 anos, mas se preocupa com as hipotecas americanas

O FUNDO Monetário Internacional, no relatório "Panorama da Economia Mundial", projetou uma leve desaceleração para a economia global em 2007.
Em 2006 a expansão internacional foi de 5,4%, e a estimativa é que atinja 4,9% neste ano e no próximo. Se essa perspectiva se confirmar, seis anos consecutivos de taxas positivas superiores a 4% se terão consolidado, o melhor desempenho em 37 anos.
Para o Fundo, a economia americana deverá reduzir seu crescimento de 3,3% para 2,2%, e a zona do euro, de 2,6% para 2,3%; o Japão manterá seu ritmo em torno de 2,3% e a China vai desacelerar de 10,7% para 10%.
A subida nos preços dos grãos, segue o Fundo, ajudará exportadores de produtos agrícolas, como Brasil e Argentina. A taxa de expansão do PIB brasileiro é estimada em 4,4% neste ano -aceleração, ante os 3,7% de 2006, mas abaixo da média projetada para a América Latina (4,9%).
Esse cenário benigno, no entanto, não está imune a riscos. A principal ameaça, avalia o Fundo, vem do mercado imobiliário dos Estados Unidos, que continua a contrair-se -com impactos ainda incertos no sistema financeiro e no consumo das famílias. O elevado patamar de endividamento em alguns setores corporativos nos EUA e na Europa também preocupa o FMI.
A crescente integração dos mercados financeiros globais aumenta a chance de que problemas localizados se espalhem. Uma demonstração desse fenômeno ocorreu há cerca de um mês, quando um surto mundial de venda de ações foi iniciado na pouco relevante Bolsa de Xangai.
Até o momento, no entanto, as inovações financeiras -caso dos mecanismos de diluição de riscos conhecidos como derivativos- têm cumprido o papel que seus entusiastas preconizam. As correções nesses mercados têm se manifestado na forma de crises episódicas, logo revertidas.
É curioso observar como esse período ímpar de estabilidade e crescimento da economia global se assenta numa relação estruturalmente desequilibrada entre os Estados Unidos e a Ásia, liderada pela China. O governo americano se endivida internamente, e o país com o resto do mundo, para sustentar um nível forte de expansão do consumo.
As nações superavitárias, ao contrário do que os bancos em geral fazem com seus clientes que acumulam dívida mas não diminuem seus gastos, estão sempre dispostas a emprestar mais aos americanos. Enquanto perdurar essa relação de conveniência, dificilmente uma grande crise econômica sobrevirá.


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