São Paulo, sexta-feira, 13 de abril de 2007

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ELIANE CANTANHÊDE

O reinado Lula

BRASÍLIA - "O nosso projeto não começa agora e não termina agora. O que vai acontecer com o Brasil a partir de 2010?"
As declarações, gravadas pela repórter Fernanda Krakovics, da Folha, foram feitas por Lula durante um jantar com o PMDB, anteontem, e ele mesmo deu a resposta: "A gente construiu um projeto de nação que tem que ter candidato a presidente, a vice-presidente, a governador, a deputado federal, a senador. Nós precisamos parar de ter medo de dizer essas coisas".
Como Lula usou o pronome "nós", e o jantar era com o PMDB, deduz-se que o projeto de poder vai longe, embalado por uma popularidade consistente (apesar da queda de oito pontos percentuais de dezembro até agora, segundo o Ibope) e pela aliança do PT com um PMDB surpreendentemente unido. Mas que fique claro: o projeto é lulista.
Não há vislumbre de candidatura petista ou mesmo da base aliada.
Não há mais Dirceu nem Palocci, Marta foi escanteada para o Turismo, Ciro Gomes tem muito trabalho pela frente para se afirmar na Câmara. Lula, pois, reina sozinho. E vai caraminholando o melhor cenário para 2010. Leia-se: o melhor cenário para ele próprio e para suas chances de voltar em 2014 -se tudo continuar como está.
Nesse cenário, o PT terá um candidato (aliás, querendo Lula ou não), o PMDB poderá lançar o seu próprio, e Ciro está aí para o que der e vier. Como sempre -especialmente como na disputa Aldo-Chinaglia-, Lula olhará, mandará dizer que apóia o mais forte, virará a qualquer momento de acordo com os ventos e ficará bem ganhe quem ganhar, inclusive se for tucano.
Quando Lula pergunta o que vai acontecer a partir de 2010, a resposta é simples: ele vai apostar num sucessor fraco e virar automaticamente candidato para 2014. Se é que a re-reeleição à la Chávez é impossível. Aliás, se é que alguma coisa é impossível em política.


elianec@uol.com.br

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