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ELIANE CANTANHÊDE
O reinado Lula
BRASÍLIA - "O nosso projeto não
começa agora e não termina agora.
O que vai acontecer com o Brasil a
partir de 2010?"
As declarações, gravadas pela repórter Fernanda Krakovics, da Folha, foram feitas por Lula durante
um jantar com o PMDB, anteontem, e ele mesmo deu a resposta: "A
gente construiu um projeto de nação que tem que ter candidato a
presidente, a vice-presidente, a governador, a deputado federal, a senador. Nós precisamos parar de ter
medo de dizer essas coisas".
Como Lula usou o pronome
"nós", e o jantar era com o PMDB,
deduz-se que o projeto de poder vai
longe, embalado por uma popularidade consistente (apesar da queda
de oito pontos percentuais de dezembro até agora, segundo o Ibope)
e pela aliança do PT com um PMDB
surpreendentemente unido. Mas
que fique claro: o projeto é lulista.
Não há vislumbre de candidatura
petista ou mesmo da base aliada.
Não há mais Dirceu nem Palocci,
Marta foi escanteada para o Turismo, Ciro Gomes tem muito trabalho pela frente para se afirmar na
Câmara. Lula, pois, reina sozinho. E
vai caraminholando o melhor cenário para 2010. Leia-se: o melhor cenário para ele próprio e para suas
chances de voltar em 2014 -se tudo
continuar como está.
Nesse cenário, o PT terá um candidato (aliás, querendo Lula ou
não), o PMDB poderá lançar o seu
próprio, e Ciro está aí para o que der
e vier. Como sempre -especialmente como na disputa Aldo-Chinaglia-, Lula olhará, mandará dizer que apóia o mais forte, virará a
qualquer momento de acordo com
os ventos e ficará bem ganhe quem
ganhar, inclusive se for tucano.
Quando Lula pergunta o que vai
acontecer a partir de 2010, a resposta é simples: ele vai apostar num
sucessor fraco e virar automaticamente candidato para 2014. Se é
que a re-reeleição à la Chávez é impossível. Aliás, se é que alguma coisa é impossível em política.
elianec@uol.com.br
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