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Abertura em Cuba
SE HAVIA dúvidas sobre os rumos de Cuba após a transferência de poder de Fidel
Castro para seu irmão, Raúl, elas
já foram dirimidas. As primeiras
medidas adotadas pelo novo "comandante en jefe" deixam claro
que ele está acelerando o ritmo
da abertura econômica.
O dirigente liberou a comercialização de computadores,
aparelhos de DVD, fornos de microondas e celulares e permitiu
que qualquer cidadão se hospede
em hotéis de luxo. Agora a ditadura anuncia medidas para facilitar a obtenção do título de propridade por moradores de imóveis estatais.
Além disso, o regime eliminou
os tetos salariais com vistas a incentivar a produtividade e ampliou o raio de ação dos agricultores privados. Eles agora poderão plantar o que quiserem e arrendar terras públicas. Estima-se que 51% do território agrícola
do país esteja ocioso.
A motivação é econômica. Embora Cuba tenha superado o pior
da ruína que se seguiu ao fim da
ajuda soviética no início dos anos
90, a situação está longe de ser
confortável. O país, cujo PIB é de
US$ 50 bilhões, importa anualmente US$ 10,9 bilhões e exporta apenas US$ 3,3 bilhões.
Só para trazer alimentos, Cuba
gasta US$ 1,5 bilhão, pouco menos do que o US$ 1,9 bilhão gerado pelo turismo, principal atividade econômica do país. As remessas de dólares de cubano-americanos para parentes que ficaram na ilha e o petróleo a preços subsidiados vendido por
Chávez aos Castro ajudam, mas
não bastam para cobrir o buraco.
É por sobrevivência, portanto,
que Raúl aprofunda a versão caribenha da "perestroika", a abertura econômica da URSS nos
anos 80. Surgem indícios, ao
mesmo tempo, de que o novo dirigente ensaia uma descompressão política, ao que parece no intuito de aliviar tensões sem mudar a natureza do regime.
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