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Califórnia pioneira
Para cumprir meta de emissão de gases do efeito estufa, Estado americano elege álcool de cana como alternativa
A MELHOR notícia dos últimos tempos para o álcool de cana veio da
Califórnia: o combustível brasileiro figura como uma
das estrelas na nova regulamentação do Estado americano, tradicionalmente na vanguarda
ambiental dos EUA. Para o Conselho de Recursos Aéreos da Califórnia, encarregado de propor a nova regra, o álcool
combustível do
Brasil diminui
em 72% as
emissões de
veículos que
agravam o efeito estufa, como
noticiou o jornal "Valor Econômico".
Ao queimar combustíveis fósseis como a gasolina, automóveis
produzem gases -por exemplo,
dióxido de carbono (CO2)- que
retêm radiação de origem solar
na atmosfera, esquentando-a.
Para combater o aquecimento
global, o Estado governado por
Arnold Schwarzenegger adotou
a meta ambiciosa de reduzir
80% suas emissões de carbono
até o ano 2050. A regulamentação em preparo visa garantir a
meta intermediária de cortar
10% até 2020.
O álcool obtido da cana se sai
bem no quesito por ser combustível renovável. Sua queima também produz CO2, mas boa parte
desse carbono será recapturada
pelos canaviais em crescimento
no ano seguinte. Já o ciclo de
produção e queima de derivados
de petróleo não propicia
nenhuma absorção do carbono
liberado.
O cálculo californiano coincide com estudo da Embrapa
Agrobiologia segundo o qual o
ganho diante da gasolina é de
73%. Na conta dos 72% americanos, porém, entram só as emissões diretas do combustível.
Se for computado o carbono
emitido com a mudança no uso
da terra, como o desmatamento,
a vantagem diante da gasolina
cai para 24% -ainda assim, bem
melhor que o
álcool de milho
produzido nos
EUA, cujas
emissões são
superiores às
da gasolina.
Projeta-se que
esse desempenho possa até
triplicar a demanda americana por álcool
brasileiro.
Os adversários da cana no futuro, contudo, são o álcool de celulose (produzido a partir de
qualquer parte de um vegetal, e
não só do suco da cana) e o hidrogênio. Para ficar no páreo, o
Brasil precisa aprofundar o investimento nas frentes tecnológica, ambiental e de informação.
No campo da informação, produtores já se mobilizam para
questionar e atualizar os dados
sobre desmatamento usados pelos técnicos californianos. No
quesito ambiente, pode-se avançar muito na mecanização da colheita, que evita queimadas. Por
fim, há que incentivar a pesquisa
para converter a celulose da própria cana em álcool.
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