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Pressões da vizinhança
A QUEDA nos preços internacionais do petróleo está
levando o governo Evo
Morales a rever o Orçamento
deste ano e a recorrer às reservas
internacionais para compensar a
queda na arrecadação. As receitas oficiais com a venda de gás
caíram mais de 40% com a entrada em vigor das novas tarifas.
A perspectiva de cortar programas sociais de grande apelo político tem feito o governo Morales
aumentar a pressão sobre o governo Lula. O gás enviado ao Brasil responde por um quarto das
exportações bolivianas.
O Planalto, por ora, reage com
cautela. Em janeiro, aumentou
provisoriamente as importações
de gás boliviano. Mas atuou no limite do recomendável, já que o
consumo brasileiro caiu, e as tarifas praticadas no Brasil são superiores aos preços internacionais. Brasília acertou, no entanto, ao fazer valer os contratos bilaterais, mantendo-se dentro
dos limites estabelecidos.
A mesma atitude se espera na
negociação com o Paraguai, em
que o governo Fernando Lugo
pleiteia a revisão do Tratado de
Itaipu. O presidente paraguaio
contesta o montante da dívida
com a construção da hidrelétrica, que foi financiada pelo Brasil,
e quer liberdade para comercializar a sua cota da energia gerada.
Fazem sentido ideias como a
que o BNDES estuda, de financiar obras de infraestrutura e industrialização no Paraguai a cargo de empresas brasileiras. Seriam contemplados projetos nas
áreas de cana, soja, cimento e celulose. Se atingir o valor proposto, de US$ 1 bilhão, o programa
superará em quase dez vezes o
desembolso acumulado desde
1997 do BNDES naquele país.
Mas a contrapartida paraguaia
precisa ser a renúncia à plataforma de rever o Tratado de Itaipu.
Os presidentes Lula e Fernando
Lugo têm encontro marcado para o próximo dia 29. Seria a ocasião ideal para firmar o acordo e
encerrar a disputa.
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