São Paulo, segunda-feira, 13 de abril de 2009

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Editoriais

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Pressões da vizinhança

A QUEDA nos preços internacionais do petróleo está levando o governo Evo Morales a rever o Orçamento deste ano e a recorrer às reservas internacionais para compensar a queda na arrecadação. As receitas oficiais com a venda de gás caíram mais de 40% com a entrada em vigor das novas tarifas.
A perspectiva de cortar programas sociais de grande apelo político tem feito o governo Morales aumentar a pressão sobre o governo Lula. O gás enviado ao Brasil responde por um quarto das exportações bolivianas.
O Planalto, por ora, reage com cautela. Em janeiro, aumentou provisoriamente as importações de gás boliviano. Mas atuou no limite do recomendável, já que o consumo brasileiro caiu, e as tarifas praticadas no Brasil são superiores aos preços internacionais. Brasília acertou, no entanto, ao fazer valer os contratos bilaterais, mantendo-se dentro dos limites estabelecidos.
A mesma atitude se espera na negociação com o Paraguai, em que o governo Fernando Lugo pleiteia a revisão do Tratado de Itaipu. O presidente paraguaio contesta o montante da dívida com a construção da hidrelétrica, que foi financiada pelo Brasil, e quer liberdade para comercializar a sua cota da energia gerada.
Fazem sentido ideias como a que o BNDES estuda, de financiar obras de infraestrutura e industrialização no Paraguai a cargo de empresas brasileiras. Seriam contemplados projetos nas áreas de cana, soja, cimento e celulose. Se atingir o valor proposto, de US$ 1 bilhão, o programa superará em quase dez vezes o desembolso acumulado desde 1997 do BNDES naquele país.
Mas a contrapartida paraguaia precisa ser a renúncia à plataforma de rever o Tratado de Itaipu. Os presidentes Lula e Fernando Lugo têm encontro marcado para o próximo dia 29. Seria a ocasião ideal para firmar o acordo e encerrar a disputa.


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