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Editoriais
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Conexão lenta
DEPOIS DE TER se inclinado
pela presença direta do
Estado na expansão do
acesso à internet por banda larga, o governo federal dá sinais de
que pretende envolver empresas
privadas em seu plano -que evolui em ritmo comparável ao das
conexões lentas.
Se antes a Telebrás seria reanimada para assumir a tarefa, pensa-se agora num sistema misto. A
rede de fibra ótica já existente ficaria nas mãos de uma estatal,
mas a gestão dos serviços passaria à iniciativa privada.
A atuação do setor no Brasil é
marcada pela baixa concorrência
e pela forte concentração nas regiões Sul e Sudeste, que contam
com 80% dos acessos rápidos. Só
o Estado de São Paulo possui cerca de 40% das conexões velozes
do país. A qualidade dos serviços
oferecidos é pior, e os preços são
mais elevados do que em outros
países -muitos dos quais com
características socioeconômicas
semelhantes às do Brasil.
São distorções que precisam
ser corrigidas. Cabe por certo ao
governo tomar medidas nesse
sentido, mas o melhor caminho
não é o da estatização. Não faz
sentido o Estado tomar para si a
tarefa empresarial e interferir no
mercado como empreendedor.
Embora em alguma medida a
presença do poder público possa
revelar-se necessária, é desejável
que suas ações privilegiem a criação de instrumentos fiscais e regulatórios capazes de induzir à
desconcentração, ao aumento da
competitividade e ao atendimento de regiões e faixas de renda consideradas pouco atraentes
pelo mercado. Além disso, é preciso liberar recursos do Fundo
de Universalização dos Serviços
de Telecomunicações a que as
operadoras têm direito.
A internet é instrumento indispensável à vida contemporânea e a exclusão digital é uma
forma perversa de perpetuar desigualdades. O Brasil precisa mudar logo esse panorama.
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