|
Próximo Texto | Índice
FASE UM, FASE DOIS
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva está convencido de
que é hora de planejar uma "virada"
na economia. O objetivo, segundo
reportagem publicada pela Folha no
domingo, é construir, até o final do
ano, uma "plataforma" de medidas
microeconômicas que permita o
deslanche da atividade. Trata-se, na
expressão de algumas autoridades,
da "fase dois" da gestão econômica
do governo. Embora a realidade venha sendo pródiga em pulverizar
metas de crescimento governamentais, Lula já teria até um número para
ser atingido em 2004: 3,5 % do PIB.
Não deixa de ser um alívio que o
presidente se preocupe em promover
algum tipo de ativismo governamental (para recorrer à expressão de seu
oponente das últimas eleições) com
vistas ao crescimento. Tanto os objetivos quanto o elenco de propostas,
no grau de generalidade em que se
encontram, são elogiáveis.
Em princípio, ninguém deveria
opor-se à criação de mecanismos
com o intuito de promover a poupança interna de longo prazo, de incentivar as exportações, a criação de
parcerias entre Estado e iniciativa privada e a ampliação do crédito a pequenas e médias empresas. Novas
políticas de incentivos fiscais, em
que pese os descalabros do passado,
merecem ser debatidas.
Falta, no entanto, em tudo isso, a
questão fundamental: a articulação
da "fase dois" com a atual "fase um"
da gestão econômica. Não haverá
crescimento sustentado se as linhas
da política macroeconômica não forem consistentes com os objetivos
traçados. A atual euforia em torno
das "conquistas" do ministro Palocci
e do Banco Central não deve servir
para ocultar as contradições e dilemas que permanecem em vigor. Nenhuma plataforma de crescimento
poderá ficar de pé no atual regime de
juros estratosféricos e constantes oscilações na taxa de câmbio.
As apreensões quanto à equação
macroeconômica não são questões
acadêmicas. É do ministro Palocci a
afirmação de que não cometeria "erros velhos". Que não seja apenas
uma frase de efeito.
Próximo Texto: Editoriais: POBRE DE NINGUÉM Índice
|