UOL




São Paulo, terça-feira, 13 de maio de 2003

Próximo Texto | Índice

FASE UM, FASE DOIS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está convencido de que é hora de planejar uma "virada" na economia. O objetivo, segundo reportagem publicada pela Folha no domingo, é construir, até o final do ano, uma "plataforma" de medidas microeconômicas que permita o deslanche da atividade. Trata-se, na expressão de algumas autoridades, da "fase dois" da gestão econômica do governo. Embora a realidade venha sendo pródiga em pulverizar metas de crescimento governamentais, Lula já teria até um número para ser atingido em 2004: 3,5 % do PIB.
Não deixa de ser um alívio que o presidente se preocupe em promover algum tipo de ativismo governamental (para recorrer à expressão de seu oponente das últimas eleições) com vistas ao crescimento. Tanto os objetivos quanto o elenco de propostas, no grau de generalidade em que se encontram, são elogiáveis.
Em princípio, ninguém deveria opor-se à criação de mecanismos com o intuito de promover a poupança interna de longo prazo, de incentivar as exportações, a criação de parcerias entre Estado e iniciativa privada e a ampliação do crédito a pequenas e médias empresas. Novas políticas de incentivos fiscais, em que pese os descalabros do passado, merecem ser debatidas.
Falta, no entanto, em tudo isso, a questão fundamental: a articulação da "fase dois" com a atual "fase um" da gestão econômica. Não haverá crescimento sustentado se as linhas da política macroeconômica não forem consistentes com os objetivos traçados. A atual euforia em torno das "conquistas" do ministro Palocci e do Banco Central não deve servir para ocultar as contradições e dilemas que permanecem em vigor. Nenhuma plataforma de crescimento poderá ficar de pé no atual regime de juros estratosféricos e constantes oscilações na taxa de câmbio.
As apreensões quanto à equação macroeconômica não são questões acadêmicas. É do ministro Palocci a afirmação de que não cometeria "erros velhos". Que não seja apenas uma frase de efeito.



Próximo Texto: Editoriais: POBRE DE NINGUÉM
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.