São Paulo, quinta-feira, 13 de maio de 2004

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PAINEL DO LEITOR

"The New York Times"
"Se o presidente Lula se sentiu ofendido em sua honra pela reportagem do "New York Times", que recorresse à Justiça, lá e cá. E que anunciasse a decisão pelo assessor do assessor de imprensa. Mas preferiu apelar para uma medida administrativa sumária, coisa de tiranete. Santa inépcia, submissa ao tal "núcleo duro" do governo -o usualmente sensato ministro da Justiça não teria sido nem sequer consultado? Seria uma sede de "vendetta" imediata? Ou temor de uma exposição ainda maior de fatos e testemunhos embaraçosos em um tribunal? Ainda opino que o também usualmente sensato chanceler Celso Amorim errou ao afirmar que a reportagem ofendeu o povo brasileiro. Se o jornal e o jornalista não comprovarem as afirmações, que respondam por danos morais. Se, contudo, publicaram a verdade, cumpriram sua missão (descontados alguns exageros). O nacionalismo, alguém já disse, é o refúgio dos velhacos."
Carlos A. Idoeta (Santana de Parnaíba, SP)

 

"Indecente a reportagem de Larry Rohter. Acusar levianamente um chefe de Estado demonstra incapacidade profissional. Todavia a conduta do Ministério da Justiça do Brasil, ao utilizar uma lei oriunda de um período negro, ditatorial, para cassar o visto temporário de um estrangeiro faz com que muitos brasileiros tenhamos desesperança com o atual governo, eleito maciçamente pelo povo de forma democrática. São atitudes de um ditador e demagogo. Não quero um Brasil cubano, não quero um Brasil venezuelano, não quero novamente um Brasil ditatorial. Quero um país livre, independente e que respeite a Constituição, escrita por aqueles que estão mandando e desmandando no país."
Adriana L. Costa (Guarulhos, SP)

 

"Como cidadão, advogado por 23 anos e magistrado federal por quase dez, repudio a posição assumida pela OAB e pela Ajufe contra o cancelamento do visto temporário do correspondente do jornal "The New York Times", responsável pela reportagem infamante e difamatória contra a pessoa do presidente da República. É preciso lembrar que o ato administrativo do governo federal foi formado com base na legislação vigente, sendo irrelevante se esta foi promulgada ao tempo do regime militar. É uma legislação que deve ser cumprida até que sobrevenha a sua formal revogação ou que venha a ser declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Mais do que a pessoa do presidente, o injustificável agravo atingiu a instituição da Presidência da República e a honra de todos os brasileiros, razão pela qual o presidente deveria merecer, em vez de censura pública, toda a solidariedade e desagravo por parte dessas entidades, que, diante das ações do MST e de outros movimentos sociais, vivem pedindo a aplicação da lei vigente."
Walter do Amaral, desembargador federal, TRF-3ª Região (São Paulo, SP)

 

"A decisão de cassar o visto do desastrado correspondente do "NYT" é de uma gravidade que dispensa maiores comentários. A defesa feita pelo presidente do PT, José Genoino, é patética ao tentar justificar uma arbitrariedade antes só cometida pelo regime militar em 1970. O que assusta é que as pessoas que tomaram essa decisão e a levaram a cabo, no melhor estilo Hugo Chávez, também têm a incumbência de conduzir o país com tirocínio, ponderação e equilíbrio. Preocupa muito a sensação de que se pratica no Brasil um "governo-escola"."
Jayme Serva (São Paulo, SP)

 

"O que os EUA fariam com um jornalista brasileiro que escrevesse um texto em um importante jornal afirmando que o presidente Bush estava bêbado quando supostamente desmaiou vendo televisão porque engasgou com um pretzel? Ou que estava bêbado quando decidiu invadir o Iraque sem o apoio da ONU e sem provas de que existiam armas de destruição em massa? Ou que estava mais bêbado ainda quando colocou Donald Rumsfeld como secretário de Defesa, um secretário que permite que ocorram as maiores atrocidades nas prisões americanas do Iraque e de Guantánamo?"
Cristiano Rezende Penha (Campinas, SP)

Prefeitura de São Paulo
"Sobre o quadro que acompanhou o texto "Serra articula apoio do PFL e do PDT em SP" (Brasil, pág. A6, 12/5), gostaria de esclarecer o seguinte: 1) Reafirmo que não abro mão de minha candidatura a prefeito de São Paulo nas próximas eleições e reitero essa posição; 2) As executivas estaduais e municipais do PDT já demonstraram apoio incondicional à minha candidatura; 3) Estou trabalhando no meu plano de governo, no qual destaco a preocupação com o emprego, com a saúde, com a educação e com a moradia, entre outros itens essenciais aos paulistanos; 4) Acredito que, com trabalho e dedicação, vamos construir uma cidade com oportunidades para todos."
Paulo Pereira da Silva, presidente estadual do PDT (São Paulo, SP)

Enchentes
"A reportagem "FGTS atende só 6% das vítimas das cheias" (Cotidiano, 10/5) não levou em consideração a ação conjunta do Ministério das Cidades com o Ministério da Integração Nacional, que, em iniciativa inédita, liberou R$ 119 milhões do Orçamento Geral da União (recursos repassados a fundo perdido) para reconstruir as casas destruídas pelas enchentes que ocorreram de dezembro de 2003 a março de 2004. Esses recursos são suficientes para a reconstrução de mais de 18 mil casas. Para a mesma finalidade, o Ministério das Cidades liberou R$ 15 milhões do Programa de Subsídio à Habitação de Interesse Social (PSH) e R$ 61 milhões do programa Pró-Moradia. Somando essas três ações, que totalizam R$ 195 milhões, está sendo possível reconstruir 100% das casas que foram destruídas pelas enchentes. Esses programas são voltados para a população de baixa renda (até três salários mínimos), ou seja, os recursos disponibilizados pelo Ministério das Cidades foram direcionados à população efetivamente atingida pelas enchentes. Essa população, em sua maioria, é formada por famílias com esse patamar de renda e está localizada na região Nordeste (foco principal do governo federal nas ações emergenciais de combate às enchentes). A liberação do FGTS foi decidida após a realização de estudos sobre os impactos na composição do Fundo e incorporado, nesse conjunto de providências, como uma ação complementar, podendo ser utilizado não só para a recuperação de edificações semidestruídas como também na aquisição de móveis, aparelhos e utensílios domésticos."
Ênio Taniguti, assessor de imprensa do Ministério das Cidades (Brasília, DF)

Alma pequena
"Carlos Heitor Cony, na coluna de ontem ("A alma pequena", Opinião, pág. A2), definiu muito bem o tempo em que vivemos -"pois nada no Brasil parece valer a pena, temos a alma pequena". Os acontecimentos no Afeganistão, no Iraque e na Palestina, a sobrançaria norte-americana, os atentados pela Europa, as desgraças espalhadas pela África, o depauperamento econômico e moral da América Latina, o caráter e a falta de honra dos políticos brasileiros, as crianças morrendo no abandono total, os idosos recebendo minguadas aposentadorias, os pais de famílias sem esperança, os trabalhadores escravizados, os pequenos empresários quebrados, a malfadada distribuição de renda, a pesada e abjeta carga tributária... Alguém em seu juízo perfeito pode dizer que Cony não tem razão?"
Cláudio Martins S. Silva (São Paulo, SP)


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