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FERNANDO RODRIGUES
18 milhões de votos à deriva
BRASÍLIA - Quando terminar hoje a convenção nacional do PMDB (ainda que contestada na Justiça), cerca
de 18 milhões de votos poderão estar
à deriva na disputa presidencial. Esses são aproximadamente os eleitores
que ficarão sem candidato preferencial se os peemedebistas de fato enterrarem a possibilidade de ter nome
próprio ao Planalto em outubro.
Anthony Garotinho é o pré-candidato do PMDB mais bem colocado
nas pesquisas. Pontuava cerca de
15% em levantamentos eleitorais até
o final do mês passado. O Brasil tem
cerca de 121 milhões de eleitores. A
convenção do PMDB de hoje decidirá
se a sigla deve ou não ficar no páreo
para presidente da República.
Há relevância política e aritmética
nessa decisão do PMDB. Desde que o
Brasil passou a ter democracia estável -de 1994 para cá-, só há segundo turno se o número de candidatos
competitivos for de pelo menos quatro. Por candidato competitivo entenda-se os que pontuam solidamente além de 10%, pelo menos.
Em 1994, FHC teve 54,3% e levou já
no primeiro turno -Lula pontuou
27%; o terceiro colocado foi Enéas,
com 7,4%. Em 1998, a história se repetiu. FHC teve 53,1% e ganhou de
cara, com Lula marcando 31,7% e Ciro Gomes ficando com 11%.
Em 2002, só houve segundo turno
(com vitória de Lula sobre Serra) porque na primeira fase da disputa o terceiro colocado, Garotinho (à época
no PSB), teve 17,9%, seguido por um
forte quarto concorrente, Ciro Gomes, com 12%. Desta vez, é possível
que não existam candidatos para desempenhar os papéis de Garotinho e
de Ciro há quatro anos.
Resumo da ópera: ou Geraldo Alckmin (PSDB) herda todos os votos de
Garotinho, ou será muito difícil para
os tucanos reverterem o favoritismo
de Lula. Daí a importância da decisão de hoje. Se o PMDB optar por sair
do processo, estenderá o tapete vermelho para que o PT entre por mais
quatro anos no Palácio do Planalto.
Haverá contestações na Justiça, mas
a decisão política estará tomada.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
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