São Paulo, domingo, 13 de maio de 2007

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A utilidade das florestas

A REVISTA norte-americana "Science" lançou pela internet um artigo importante para o debate sobre mudança climática e florestas tropicais. Uma equipe de 11 especialistas defende a redução do desmatamento como ferramenta de combate ao aquecimento global.
Destruídas, florestas liberam carbono da biomassa na forma de gases problemáticos para o clima, como dióxido de carbono (CO2). A concentração crescente desses compostos agrava o efeito estufa ao aprisionar radiação na atmosfera, aquecendo-a.
A meta é não ultrapassar 2C de aquecimento adicional. Para isso, cumpre estabilizar a concentração de CO2 por volta de 450 ppm (partes por milhão) até 2100 -hoje ela é de 380 ppm.
O trabalho na "Science" calculou a contribuição possível da redução do desmatamento em países como Brasil e Indonésia para conter a mudança climática.
Pelas contas do grupo, a diminuição -até zerar as taxas em 2050- poderia contribuir com 12% daquele esforço. Além de ser uma maneira barata de cortar emissões, a iniciativa traria benefícios óbvios, como a regularização de chuvas e rios.
O Brasil, na condição de país com a maior floresta tropical e também de campeão mundial em desmatamento, pode beneficiar-se muito dessa lógica. O governo reluta, porém, em aceitar ser remunerado por reduzir a destruição irracional, pois isso implicaria metas e monitoramento de compromissos assumidos, ainda que voluntários.
Se não moderar essa resistência, o país perderá ainda mais oportunidades no florescente mercado global de carbono do que já vem perdendo.


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