São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 2011

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TENDÊNCIAS/DEBATES

Laços de pesquisa entre Brasil e Reino Unido

JOHN BEDDINGTON


O Reino Unido não pode lidar com as prioridades científicas essenciais sem uma forte parceria com o Brasil, que é líder global em bioenergia

Em 2008, fiz minha primeira visita oficial ao Brasil com o objetivo de estabelecer laços e cooperações entre o Reino Unido e o Brasil em áreas estratégicas de pesquisa.
Nessa época, tentei demonstrar como a colaboração científica entre os dois países é essencial para lidar com alguns dos principais desafios globais das próximas décadas.
Nossas especialidades complementares nas áreas de biotecnologia e ciência agrícola significam, por exemplo, que podemos dar uma contribuição significativa para aumentar a produtividade de alimentos ao redor do mundo e para que possamos enfrentar as pressões demográficas atuais e futuras.
Muita coisa aconteceu desde então; a semana que passei agora entre Brasília, Rio e São Paulo serviu para avaliar pessoalmente o progresso dessa cooperação.
O governo britânico alocou mais de R$ 1 milhão por ano em nossa colaboração desde a realização do Ano Reino Unido-Brasil de Ciência e Inovação, em 2007. Os resultados foram significativos: mais de 500 acadêmicos britânicos visitaram o Brasil em atividades científicas desde então (alguns não retornaram!), e houve mais de 200 eventos envolvendo 30 mil cientistas e estudantes brasileiros.
Devido a essas atividades, hoje publicamos conjuntamente mais de 900 artigos científicos por ano, e o Reino Unido só fica atrás dos EUA entre os grandes parceiros do Brasil em produção científica.
Esse resultado é acompanhado de outros, também importantes: a Embrapa montou o Labex no Reino Unido, no laboratório mais antigo do mundo para ciência agrícola.
Os conselhos de pesquisa britânicos têm acordos importantes com instituições brasileiras, e o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) tem um processo de colaboração vital com o Hadley Center na área de modelagem de mudanças climáticas.
O Reino Unido se beneficia enormemente da excelência da pesquisa brasileira. Estudos bibliométricos recentes mostram que o impacto internacional da ciência britânica aumenta 30% quando os nossos acadêmicos trabalham com colegas brasileiros. Ganho superior ao obtido com outras economias emergentes e muito similar ao impacto alcançado com parceiros como França e Alemanha.
Afinal, a base científica das economias estabelecidas não está dobrando de tamanho a cada dez anos -a do Brasil está. Razão pela qual nossas melhores universidades querem trabalhar com o Brasil: o Imperial College é a instituição britânica com o maior número de artigos coescritos com o Brasil, seguido de Oxford e de Cambridge.
O Reino Unido não pode lidar com as prioridades científicas essenciais sem uma forte parceria com o Brasil. Os conselhos de pesquisa do Reino Unido estarão à frente de grandes projetos nas áreas de segurança alimentar, mudanças climáticas e energia nos próximos anos.
Sendo o Brasil o maior produtor de pesquisas na área de ciência agrícola, parceiro vital para compreender os ecossistemas da Amazônia e líder global em bioenergia, está claro que não podemos alcançar nossos objetivos estratégicos sem vocês.

SIR JOHN BEDDINGTON é conselheiro-chefe para assuntos científicos do governo britânico e encerra hoje sua visita ao Brasil.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br


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